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Quando cuidava da co­­municação do Ba­­me­­rin­­dus, vivia dizendo aos meus auxiliares: "É preciso mostrar que existe vida inteligente aqui na Rua Mauá", endereço da agência. Era a mi­­nha maneira de estimular a equipe a pensar por conta própria e não me trazer problemas que eles próprios deveriam re­­solver. A fórmula se mostrou correta, os trabalhos realizados pela equipe repercutem até hoje. Mu­­dei de empresa e carreguei o mes­­mo procedimento: "Preci­­sa­­mos provar que existe vida inteligente... blá, blá, blá".

Esses dias, conversando com um empresário e sua diretora de RH, o assunto versou sobre re­­cru­­ta­­mento e seleção. Haviam chegado à seguinte conclusão: "Daqui para frente, só iremos contratar gente inteligente, do boy aos cargos de diretoria". O em­­presário arrematou: "Não adianta o candidato chegar com muitos cursos, mestrado, pós-graduação e formação acadêmica no exterior que, se não for inteligente, não entra". Lembrei que na mesma empresa, um ano antes, num workshop, havia percebido um funcionário humilde se destacar dos demais nos exercícios propostos. Perguntei a um diretor: "Quem era aque­­le?" Res­­posta: "Um operário da linha de produção". Rebati: "Fique de olho, esse cara é bom".

Meses mais tarde fiquei sa­­bendo que esse operário havia so­­licitado uma conversa com o presidente e apresentou várias ideias de como aumentar a efi­­ciên­­cia do seu trabalho e setor. Fa­­lou gaguejando que não aguen­­tava mais ouvir baboseiras sobre projetos que não terminavam nunca, da necessidade de refazer trabalhos por causa de erros grosseiros e das tarefas sobrepostas por falta de comunicação. O presidente – homem inteligente – ouviu as ideias e mandou colocá-las em execução. Os resultados foram imediatos: melhorias substanciais nos procedimentos com economia de tempo e dinheiro. Promovido por mérito e, inteligente como é, este operário busca, hoje, compensar sua carência técnica estudando muito e fazendo todos os cursos de que precisa.

O que acontece nas empresas não é a falta de inteligência, mas a preguiça de pensar, somada ao fato de o funcionário não se es­­forçar para trazer para o ambiente empresarial toda a potencialidade que possui. O colaborador pode ser inteligente e criativo fora da empresa, mas na hora da troca "salário X capacidade criativa" fica no débito.

Muitas vezes a culpa é da própria empresa, que não favorece o livre pensar entre os funcionários e segue estritamente normas, procedimentos e manuais. Gente inteligente gosta de trabalhar com gente inteligente, um estimula o outro. Podem até ser altamente competitivos, mas irão vibrar quando as boas ideias aparecerem. É assim que se formaram as grandes equipes criativas, aquelas que mudaram o mundo. Um inteligente atrai outro, que atrai outro, que atrai outro. Quer melhor exemplo do que a turma do Steve Jobs? Faça como a Apple e como o meu clien­­te, pense diferente, contrate gente inteligente e estimule-os.

E já que estamos em tempos de futebol, o que um time precisa é de jogadores pensadores e não de carregadores de bola. Apro­­veite a Copa e observe os craques – nas jogadas decisivas, param por mi­­lésimos de segundo, pensam e só depois é que disparam seus passes ou chutam em direção ao gol. Craque é craque porque sabe pensar de forma criativa.

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