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Há três semanas, o secretário estadual da Fazenda, Mauro Ricardo Costa, surpreendeu a todos ao anunciar a intenção de vender fatias da Copel e da Sanepar para socorrer o combalido caixa do estado em cerca de R$ 950 milhões. Ato contínuo, o sempre surpreendido governador Beto Richa (PSDB) descartou qualquer ação nesse sentido. Disse que jamais tratou do tema com o chefe da Fazenda.

O (suposto) desencontro de informações gerou uma lista de especulações. 1. Ao anunciar a ideia, o governo pretendia sentir o impacto que ela teria. 2. Já desgastado no cargo, sobretudo com os deputados da base aliada, Costa externou a intenção sabendo que causaria polêmica. A autofritada seria proposital e daria a ele o motivo que faltava para pedir o boné. 3. O Executivo teria orientado o secretário da Fazenda a estudar a negociação e torná-la pública também de caso pensado. Aí seria Richa que teria a desculpa necessária para demiti-lo do cargo.

bastidores

Diversidade em pauta 1

Está em análise na Assembleia Legislativa do Paraná o Plano Estadual de Educação (PEE). Tramitando em regime de urgência, o projeto precisa virar lei até o próximo dia 24 de junho. E, ao que tudo indica, os debates em torno dos rumos da educação no estado para os próximos dez anos devem ficar em segundo plano. Nos bastidores, o centro das discussões já gira em torno das questões de gênero e diversidade sexual nas escolas.

Diversidade em pauta 2

Evangélica, a relatora da proposta na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Claudia Pereira (PSC), modificou todos os trechos do texto que tratavam de questões de gênero e orientação sexual por abordagens genéricas a respeito de discriminação, preconceito e violência. O item que previa a produção de material pedagógico que contemplasse alunos LGBT, por exemplo, foi totalmente suprimido. O mesmo ocorreu com o ensino de história e cultura afro-brasileira, africana, indígena e cigana.

Fato é que, amado ou odiado, Costa segue no primeiro escalão estadual. E a ideia de negociar ações de empresas públicas paranaenses está longe de ser apenas um delírio da cabeça do comandante da Fazenda. E, desta vez, a intenção vai além: se desfazer da Ferroeste, cuja concessão federal vai até 2078. Dono de 99,7% da companhia ferroviária, o estado, nas projeções mais otimistas, estaria calculando angariar com o negócio acima de R$ 1 bilhão.

O tema é tratado de forma sigilosa no Palácio Iguaçu. Na avaliação do governo, seria péssimo tornar pública a ideia em meio ao conturbado momento pelo qual passa a administração Richa – na relação com a sociedade paranaense e, também, com os deputados estaduais. A estratégia é tirar o negócio do papel apenas em 2016. Até porque, com a redução considerável da base aliada desde os acontecimentos de fevereiro, seria real o risco de perder a votação na Assembleia Legislativa.

Consultadas oficialmente via assessoria de imprensa, a presidência da Ferroeste e as pastas da Fazenda e da Infraestrutura negaram com veemência que estejam estudando ou cogitando a venda da empresa. Ao contrário, informaram que “trabalham para aportar recursos para aquisição de máquinas e de vagões, visando o aumento de produtividade no escoamento da safra paranaense”. O secretário do Planejamento, Silvio Barros, disse desconhecer o assunto.

“Eles [governo] vão negar, mas esse assunto é forte no palácio. Existe, sim, interesse [na venda da Ferroeste]. Mas o momento é ruim para anunciar. Isso vai ficar para o ano que vem”, confirmou um integrante do andar de cima do Executivo estadual.

Tanto é assim que deve ser protocolada nesta segunda-feira (8) na Assembleia uma proposta de emenda à Constituição Estadual (PEC) que exigiria a realização de um referendo se o Executivo decidisse abrir mão do controle majoritário de Sanepar, Copel, Ferroeste e Celepar. Nessas situações, caso os deputados aprovassem a proposta, a população paranaense é quem daria a palavra final pela concretização ou não do negócio .

Autor da PEC, o deputado Evandro Araújo (PSC) já tem 5 assinaturas a mais do que as 18 necessárias para apresentar a proposta. Resta saber se o presidente da Casa, Ademar Traiano (PSDB), dará tramitação à proposta ou vai aguardar instruções do governador sobre o caso.

O colunista André Gonçalves está em férias.
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