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Discussão orçamentária

A Assembleia Legislativa do Paraná bem que poderia aproveitar as redes sociais para estimular o debate sobre a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) do estado, que começou a tramitar na quarta-feira, dia 16. Discussões setoriais bem organizadas poderiam render frutos interessantes. Abrir o debate orçamentário para a sociedade é uma forma de legitimar as opções políticas do governador eleito. Até os cidadãos são, em última instância, os financiadores do Estado.

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"Graça Foster não tem nenhum atributo, é incompetente", diz um internauta no Twitter. "Os tucanos canalhas estão indignados, mas eles esquecem que tentaram privatizar a Petrobras", publica outro no Facebook. O caso da estatal é apenas mais um dos alvos de radicais das diversas matizes partidárias. Atacam as pessoas em vez de abordar de forma inteligente os problemas que vêm sendo apontados na gestão da Petrobras. É o extremo mau gosto vencendo a razão nas redes sociais.

O episódio da Petrobras é emblemático. A simplificação atingiu até mesmo a presidente Dilma Rousseff, que durante a semana, num ímpeto populista, acusou a oposição de usar a crise para destruir a imagem de uma empresa que teria o tamanho do Brasil. Dilma chegou a pedir o apoio da população para defender a estatal. Explicar os problemas da Petrobras, nem pensar. A busca de verdade e a correção de rumos ficam relegadas a um segundo plano. De outro lado, as militâncias de esquerda e de direita seguem numa toada mais agressiva, destilando o ódio e a desinformação.

As redes sociais andam repletas de opiniões extremistas, simplistas e grotescas sobre tudo. Não importa se o assunto é banal, como o futebol, ou complexo, como o desastroso planejamento para a Copa do Mundo. Agora, imagine o que vai acontecer nas eleições em outubro. Provavelmente militantes e cabos eleitorais vão intensificar a publicação de factoides, opiniões virulentas e boatarias caluniosas. A participação política nas redes está a cada dia mais contaminada por propaganda ideológica e discursos emotivos, agressivos e apaixonados, carentes de fundamentação.

De esperança da democracia as redes estão se tornando o palco para a difamação. No Brasil elas deram voz a todos os cidadãos, mas não ensinaram como fazer um simples e educado embate de ideias. É um problema que tem solução. O fomento a uma cultura de debate público, que pode começar na escola.

Por isso é importante a reflexão publicada pelo professor de História do Positivo e blogueiro desta Gazeta Daniel Medeiros, no blog Educação no dia a dia (http://bitly.com/1lcYOCj). Medeiros entende que o "falar" é uma habilidade que precisa "ser apreendida, praticada, intensa e permanentemente, na escola". Ele tem razão quando fala que a escola necessita urgentemente assumir-se como espaço público, como uma variante da ágora grega, um local de participação. "O aprendizado não é a apropriação privada de informações, mas a construção coletiva de conhecimentos", afirma o professor.

É a falta de experiência em debater e em compartilhar conhecimentos aprendidos que leva aos extremismos e simplismos nas redes sociais. A escola pode ser uma aliada de longo prazo no projeto de tornar mais democrático o uso das redes sociais nas discussões políticas. A prática do debate público é antiga em democracias como a dos Estados Unidos. Lá as escolas se engajam em concursos de debates. É um modelo que pode ser replicado aqui. Aprender que não basta ter voz, é preciso saber usá-la, vai contribuir para um debate público de qualidade.

Enquanto o uso das redes sociais na política for predominantemente corrosivo, o melhor que se tem a fazer é, de um lado, evitar o compartilhamento de ideias extremistas ou difamatórias. E, de outro, estimular discussões baseadas na racionalidade. A aplicação dessas duas estratégias pode ajudar na revitalização do debate político nas redes sociais durante a campanha eleitoral deste ano.

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