Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo

Como mudar um legislativo que ignora seus direitos

Enquanto a truculência policial corria solta na Praça Nossa Senhora de Salete, no Centro Cívico, o clima da Assembleia Legislativa era de tranquilidade. O presidente da Casa, Ademar Traiano (PSDB), impassível, chegou a comentar “lá fora, o problema é da segurança pública, não da Assembleia”. A maioria dos deputados se mostrou ignorante aos fatos do dia, não se preocupou se estaria ocorrendo violação de direitos humanos, como se pudessem separar o que acontece “lá fora” daquilo que ocorria “ali dentro”.

O cenário surreal mostra que mais uma vez a Casa do Povo se isolou... do povo. A aprovação do projeto na mais absoluta tranquilidade era mais importante que olhar para o lado e avaliar a violência cometida. Independentemente da relevância do projeto, essa frieza jamais deveria combinar com política.

Para aqueles que não gostaram do que viram fica o alerta. Votar bem não é apenas ir às urnas e evitar escolher os maus elementos.

A eleição de deputados obedece ao critério da proporcionalidade – o total dos votos recebidos pelos candidatos de cada partido determina o número de vagas que aquela legenda terá no parlamento. A partir da definição do número de vagas que cada partido tem direito, os mais votados de cada legenda são considerados os eleitos.

Por essa razão, é normal que deputados não se elejam somente com votos próprios. Os votos totais de colegas de partido contribuem para que os mais votados consigam uma vaga na Assembleia Legislativa. Dada essa dinâmica das eleições proporcionais, a melhor estratégia para evitar que um candidato consiga uma cadeira de deputado é empreender meios que reduzam a votação daquele candidato.

Isso se faz mapeando as bases eleitorais dos candidatos e divulgando nelas todos os malfeitos realizados pelos deputados. Somente a conscientização de vastos contingentes de eleitores sobre a má conduta parlamentar é que irá mudar a relação entre sociedade e Assembleia Legislativa. A cada legislatura que passa os deputados estaduais cada vez mais ficam desconectados, insensíveis, corporativos e ávidos por benesses para si e para outros membros do poder, enquanto para ao grosso da população impõem alta carga tributária sem a devida contraprestação em serviços de qualidade. A sociedade precisa eliminar a ideia tão presente na cabeça dos deputados, de que “lá fora, o problema é da segurança pública, não da Assembleia”.

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.