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Gasolina demais, qualidade...

"É impressionante, ou melhor, é revoltante perceber o quanto de gastos estes sujeitos se dão ao luxo de produzir às nossas custas. Um único item, gastos com combustível, chama a atenção e me pergunto quantos carros nós sustentamos para um único parlamentar. Se analisarmos o insignificante retorno que temos através de projetos úteis para a sociedade, veremos claramente que não vale à pena e que temos somente parasitas que se utilizam de dinheiro público e do cargo para interesses pessoais", afirma a leitora Cristina Esteves Schuster, numa análise rápida dos gastos dos deputados estaduais com combustível, feito com base em www.gazetadopovo.com.br/dados/vidapublica/gastos.

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Se o desejo da sociedade for de tornar o Brasil um Estado democrático, de iguais, certamente não deve contar com a boa vontade dos partidos políticos. Mas pode contar com as redes sociais. Essa é a visão de Augusto de Franco, estudioso de redes sociais, que esteve em Curitiba no sábado, dia 16, para dar palestra no TEDxCuritiba, evento que reuniu grandes personalidades, entre elas o ex-governador Jaime Lerner, para discutir três temas de impacto na vida em sociedade – Tecnologia, Entretenimento e Design (daí a sigla TED). Antes de dar sua palestra 20 minutos sobre redes, Augusto de Franco conversou comigo sobre participação política, partidos e sociedade.

Para ele, a estrutura dos partidos é hierarquizada e autoritária, com caciques regionais controlando as legendas com mãos de ferro, o que cria obstáculos difíceis de serem superados para que opiniões divergentes tenham espaço de se manifestar. "Partidos políticos são grupos autoritários, com objetivos privados, que impedem a experiência política dos cidadãos", afirma. "E democracia pressupõe abertura, diálogo e valorização das opiniões dos outros."

É difícil não dar razão para ele quando se observa o enorme abismo que vai se formando entre partidos e sociedade. As legendas atuam em causa própria. O Poder Executivo compra o apoio político do Congresso Nacional, com liberação de emendas parlamentares, cargos e loteamento de ministérios. O exemplo mais recente é o do aparelhamento do Ministério dos Transportes, levado a cabo pelo PR. O ministério foi entregue pela presidente Dilma Rousseff ao PR em troca do apoio do partido no Congresso Nacional e, agora, a legenda se vê enredada em uma série de denúncias contra seus dirigentes.

Quando a política se torna negociação de cargos e repartição de ministérios entre aliados, como se tratassem de patrimônio privado a serem explorados eleitoral e financeiramente, nota-se que ainda falta muito para estabelecer um ambiente democrático e republicano, em que os assuntos públicos são tratados como pertencentes a todos. Essa apropriação indevida do espaço público precisa ser combatida.

Augusto de Franco lembra que, em sua origem, na Grécia antiga, a democracia nasceu em Atenas da luta dos cidadãos contra o governo de um tirano. Uma rede de cidadãos, que possuíam interesses comuns decidiu pelo autogoverno. Ou seja, a democracia ateniense foi produto de seus cidadãos, que deliberavam em conjunto assuntos de interesse da comunidade. Diferente do que ocorre hoje, naqueles tempos ninguém podia se apropriar das questões de interesse comum.

É por isso que Augusto de Franco afirma que "a democracia tem sua origem nas redes sociais". A democracia é criada do envolvimento das pessoas em discutir e buscar soluções para problemas em comum. E enquanto não houver um interesse deliberado dos cidadãos em interagir para alterar a realidade política, o Brasil continuará com suas imperfeições e deformações institucionais.

Embora alguns passos vacilantes venham sendo dado, como as "marchas" que defendem interesses de grupos setoriais da sociedade, ainda falta a aglutinação de cidadãos em movimento mais amplo, como o combate à corrupção e à prática do fisiologismo político. Mas, se serve de atenuante, a experiência democrática é muito recente em todo o mundo, se for considerado os quase 6 mil anos que separam a primeira civilização que se tem notícia, até os dias atuais. Como lembra Augusto de Franco, "se a história do Estado tivesse 24 horas, somente os últimos 96 minutos seriam de democracia".

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