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Adote um político

Apoiadores da campanha "Adote um Deputado" sugerem que a vigilância pública não se restrinja a parlamentares, mas que se amplie para o governo estadual. A ideia é bem-vinda. O Poder Executivo é quem tem "as chaves do cofre", executa o orçamento público e deve ter seus atos fiscalizados. Então a convocação permanece, agora ampliada, para que passemos a vigiar de perto os atos não só de deputados, mas também do governador, de secretários de estado e outros ocupantes de cargos públicos. Já adotou o seu político? Traga suas sugestões, de como fazer esse trabalho. Mande mensagem por email, Twitter (@rhodrigodeda), ou vá até apágina da coluna no Facebook (digite na barra de busca O Coro da Multidão).

A população da Cidade Industrial de Curitiba que frequenta a Asso­ciação dos Mora­dores das Moradias Zimbros (Asmozi) dá o exemplo de que a cidadania pode ser estimulada por meio de atividades simples – como a música – com o surgimento do sentimento de pertencer ao lugar em que se vive. Em uma parceria com o Observatório Sesi, a Asmozi está implantando um "Arranjo Educativo Local" (AEL), um conjunto de atividades com o objetivo de promover o desenvolvimento humano. Por meio de ações nas áreas de música, comunicação e meio ambiente, vínculos familiares e sociais estão se fortalecendo.

Visitei a associação há cerca de um mês e conheci o projeto de "musicação" do AEL, que é ministrado por Louise Lopez e Gabriel Teixeira, integrante da banda Black Maria, entre outras. Eles me contaram que quando as atividades de "musicação" começaram, aos sábados, somente crianças participavam. Mas, quando chegavam em casa cantando a música As Mocinhas da Cidade, de Belarmino e Gabriela, os avós começavam a cantar junto e se interessaram pelo que as crianças estavam fazendo na associação. As crianças, por sua vez, descobriram que podiam compartilhar muito mais com os avós.

Aí foi a vez de os pais se interessarem pelo projeto. Muitos perceberam que seus filhos voltavam para casa "diferentes" e foram ver o que estava acontecendo na associação. Um dos pais é Oésio Barbosa, que passou a ir aos encontros com o filho. "Agora eu e meu filho ouvimos música juntos. A gente presta mais atenção nos instrumentos." O resultado dos trabalhos foi visto no último sábado, dia 2, quando crianças, pais e avós cantaram juntos As Mocinhas da Cidade, na festa julina da associação.

O que poderia ter sido encarado como meras "aulas" gerou a aproximação de gerações e convívio em grupo. A música foi apenas um meio para o estímulo de mudanças de comportamento. "Traba­lhamos com a visão de que é importante valorizar a herança familiar. E a música escolhida fez com que a cultura dos mais velhos fosse resgatada pelos jovens", afirma Amanda Novak, uma das integrantes do corpo técnico do Observatório Sesi, ao lado de Karin Bruckheimer, Juliana Penhaki e Ramiro Pissetti.

Indução cultural

Atividades lúdicas geram cidadania. Basta serem orientadas para esse fim. "Quando se cria o ambiente adequado para a participação é possível romper a lógica de dependência do Estado e a ideia de autogestão passa a fazer sentido", afirma Amanda Novak.

Ela tem razão. Exemplo prático é dado pelo presidente da Asmozi, Geraldo Mazela. Ele me mostrou as fotos de como era a sede da entidade antes de 2008. Pichações, alagamentos; a casa estava completamente destruída e abandonada. "Ban­didos entravam aqui para fazer coisa ruim", conta ele. A renovação da Asmozi começou em sua gestão, a partir de 2008, com uma reforma nas dependências da associação. Geraldo Mazela explica que a comunidade está envolvida com a entidade e reconhece a importância dos trabalhos que vêm desenvolvendo, em programas como o Contraturno e o Projovem. E esse reconhecimento deixou a sede livre de pichações e vandalismo.

Resultados

A prova de que as atividades do AEL começam a ter seus efeitos vem da espontaneidade de Iasmin, uma menina de 6 anos. Eu pergunto a ela por que participa dos encontros de "musicação". Ela responde: "Porque eu quero". Poderia parecer pueril não fosse sincero e carregado de verdade. Ela está lá porque quer, não porque foi mandada por alguém. Envolvida com o projeto, Iasmin está dando os primeiros passos para se reconhecer como uma cidadã.

Outra prova. Pergunto a Luiz Henrique, um menino que nos acompanhou a todo instante durante minha visita à Asmozi, o que ele quer ser quando crescer. Ele diz: "Jogador de futebol. Ou então, prefeito". Como se vê, do lúdico ao político pode-se passar em uma frase.

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