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Tendências

Voto nulo

Nas redes sociais abundam as campanhas de voto nulo. Embora elas não surtam efeito nenhum na prática, os internautas têm todo o direito de expressar seus atos de protesto. Mas esse comportamento só é responsável – e inteligente – quando é acompanhado de outros atos políticos relevantes, como fiscalizar constantemente o mandato daqueles que forem eleitos. Sem isso, a campanha de voto nulo é alienada. Ou, como diziam os gregos, idiota.

Revolução dos Guarda-chuvas

As manifestações em Hong Kong lembram as da Primavera Árabe. Apelidadas de "revolução dos guarda-chuvas" e lideradas por estudantes bastante ativos em redes sociais, elas pedem reforma política. Tem potencial para incomodar o governo chinês. O que não se sabe é se elas têm força para ruir o sistema político, como ocorreu na Tunísia e no Egito, ou se vão acabar de forma melancólica, sem muita relevância, como aconteceu no Brasil.

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A propaganda eleitoral na televisão e os debates entre candidatos terminaram na noite desta quinta-feira deixando apenas uma certeza – a dificuldade de se conseguir debater ideias e projetos para o país. Chega a ser irônico como o discurso da mudança, de forte influência das manifestações de junho de 2013, foi incorporado pelas campanhas neste ano, mas como foi difícil discutir propostas para o país.

Apesar de o escândalo da Operação Lava Jato dominar o noticiário nacional, mecanismos de controle de corrupção, de transparência e de participação social pouco fizeram parte do debate, seja na campanha federal, seja no plano estadual. Esse déficit no debate democrático certamente será sentido no próximo ano independentemente de quem forem os vitoriosos destas eleições.

A sociedade está caminhando, ainda a passos mancos, para aprender a fazer debate público. Hoje as redes sociais são bastante ineficientes no desenvolvimento da cultura da participação política. Basta ver o ódio destilado entre partidos nas redes sociais e seus militantes propagadores de boatos durante esta campanha, contribuindo para a desinformação e a corrosão da praça pública digital. Some-se a isso, ainda, o fato de o algoritmo do Facebook – a principal rede social usada no Brasil hoje – priorizar a publicação de conteúdos pelos quais as pessoas tenham simpatia, reforçando posicionamentos, em vez de colocá-los xeque.

Ao mesmo tempo, pode parecer até contraditório, mas nunca a oferta de informações sobre as candidaturas foi tão rica. Nunca se viu tanta novidade na internet envolvendo eleições e campanha eleitoral produzida por empresas de comunicação, entidades do terceiro setor e desenvolvedores independentes. A Gazeta do Povo, por exemplo, desenvolveu o Candibook, uma plataforma que traz informações de todos os candidatos que concorrem o seu voto no estado. Mas há tantas outras alternativas (ou mais) à disposição do eleitor para conhecer os candidatos, quanto o número de partidos existentes no país.

Na praça pública há atores cada vez mais eficientes em fornecer informação de qualidade tanto em novos formatos, como jogos e testes de conhecimento, quanto nos moldes tradicionais. As redes sociais ajudam na ampliação do alcance desses dados, já que todo cidadão se torna um distribuidor de conteúdos.

Se o debate público não foi desenvolvido de forma satisfatória, ao menos os eleitores deste ano possuem uma grande quantidade de informação sobre os candidatos e poderão escolher com base em critérios amplos. É o que se convencionou chamar de "voto consciente" – escolher um candidato a partir de uma avaliação criteriosa das opções existentes.

Há um longo caminho para o fortalecimento da democracia e ele começa no voto consciente e prossegue no aprendizado do debate público. Criar instrumentos para que os cidadãos se habituem a discutir políticas públicas, aplicação de recursos orçamentários e participação nas decisões de estado é a nova etapa de desenvolvimento político que a sociedade terá de enfrentar.

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