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Tendências

Lula e a mídia 1

Em mais uma incontinência verbal, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou nesta semana que os meios de comunicação vão condenar os acusados da Lava Jato antes do Supremo Tribunal Federal (STF). Disse acreditar em vazamento seletivo contra o PT. Insistiu, ainda, na tese de que os réus do mensalão foram condenados pela mídia antecipadamente. Honestamente, só mesmo militantes ingênuos para caírem nesse conto.

Lula e a mídia 2

O escândalo na Petrobras é muito grave para aceitar esse tipo de bravata. Talvez o desejo de Lula fosse que a imprensa ignorasse o assunto. Afinal, porque a mídia deveria se importar em dar publicidade a uma denúncia de desvio de recursos públicos estimados em R$ 10 bilhões da maior empresa do país?

Bolsonaro e a infâmia

É deputado federal eleito pelo Rio de Janeiro, mas sua conduta afronta toda a sociedade. Por essa razão, Jair Bolsonaro (PP) merece ser cassado. Bolsonaro disse que "não estupraria" a deputada federal e ex-ministra de Direitos Humanos Maria do Rosário (PT-RS) porque ela "não merece". Campeão de votos, recebeu mais de 460 mil nas eleições deste ano. Bolsonaro é o deputado federal mais votado no Rio de Janeiro. Não há justificativa aceitável para o comportamento infame. Nem é preciso formular uma grande tese para demonstrar a quebra de decoro parlamentar.

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Que falta faz uma sociedade engajada. Durante a semana, os deputados estaduais atropelaram a democracia e aprovaram no tratoraço um substancial aumento de tributos para o próximo ano. Até fingiram ouvir algumas entidades da sociedade organizada, mas na prática ignoraram por completo os apelos. Sem discussão, na maior falta de respeito e consideração com os cidadãos paranaenses empurraram um pacotaço tributário sem ao menos estimar os efeitos que terão no bolso das famílias do estado.

Do ponto de vista democrático, os fatos da semana são graves. À exceção de alguns poucos corajosos representantes de entidades de classe, a população se mostra bastante desmobilizada. Os sindicatos, em sua maioria, silenciaram. As organizações estudantis, idem. Grupos setoriais, sempre engajados em suas causas específicas, nem chiaram. Os indivíduos que foram às ruas em junho tampouco reclamaram. Sem representantes que defendam os interesses do povo, sem cidadãos fortemente mobilizados em defesa de seus próprios interesses, ficou fácil para o governo impor a sua vontade sem o devido contraditório.

É o velho ditado– se você não faz política, vai ser governado por quem gosta. O ano vai indo embora anunciando um 2015 mais caro para a população paranaense. Que sirva de lição para patos e avestruzes (se não está entendendo, por caridade, leia a coluna da semana passada no site da Gazeta). Está evidente a necessidade de mecanismos rápidos e eficazes para mostrar o descontentamento com os atos dos parlamentares e do governo do estado.

Que falta fazem entidades que desenvolvam no Paraná projetos como o "Panela de Pressão", da organização não-governamental Meu Rio. A população poderia ter abarrotado as caixas de e-mails de parlamentares, da secretaria da Fazenda, da chefia de gabinete do governo estadual. Se não fosse suficiente, os cidadãos paranaenses poderiam usar o aplicativo "Panela de Pressão" para reclamar contra a falta de debate por telefone. Certamente as linhas parlamentares ficariam congestionadas por dias.

A mera existência de ferramentas que permitissem mostrar o descontentamento em massa, entretanto, poderia ser ineficaz sem um plano de longo prazo. Felizmente, há quem esteja ligado no problema estrutural da baixa cultura de participação no estado. O Instituto Atuação, uma organização não-governamental com sede em Curitiba, planeja transformar a capital na cidade brasileira mais transparente e participativa até 2019. Objetivo tão ambicioso quanto necessário.

Todo o apoio a essa iniciativa é louvável. Se a sociedade conseguir que atos como o ocorrido nesta semana sejam banidos em 2019, os cidadãos do Paraná estarão definitivamente no caminho para criar uma democracia em toda a sua plenitude.

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