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Tendências

Silêncio das militâncias

O presidente estadual da Juven­­­tude do PSDB (JPSDB), Edson Luiz Lau Filho, enviou mensagem declarando ter ocorrido um equívoco no seguinte trecho da coluna da última segunda-feira: " Em Curitiba, onde estão as manifestações dos militantes jovens do PSDB contra as suspeitas de irregularidades envolvendo o presidente da Câmara Municipal de Curitiba, João Cláudio Derosso (PSDB), a esposa dele e contratos de publicidade milionários?".

Segundo ele, a JPSDB publicou duas manifestações no Twitter contra Derosso e, no dia 13 de setembro, emitiu nota em que declara apoio aos vereadores tucanos que votaram pelo afastamento do presidente do Legislativo. A nota da JPSDB pode ser lida na íntegra no site http://jpsdbcuritiba.blogspot.com/2011/09/nota-de-apoio.html.

Duas manifestações no Twit­­ter e uma nota. Diante da leitura delas, o colunista mantém sua opinião inicial. Fica a critério do leitor discernir o que, em política, é silêncio reverencial e o que é manifestação genuína.

"Alta produtividade"

Num surto de eficiência, a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados aprovou 118 projetos em três minutos e onze segundos, numa sessão com apenas dois deputados presentes. O episódio foi alvo de críticas nas redes sociais. O leitor Celso Garcia, por exemplo, publicou no Facebook:

"O que mais me choca é que ficamos paralisados diante disso, não vamos para as ruas, não fazemos nada... olhamos indignados, mas isso não basta, precisamos de mecanismos formais de mobilização!!".

Esse estilo de "eficiência" demonstra a necessidade de repensar o papel do Legislativo no país. Na sua opinião, qual deveria ser a principal atribuição parlamentar: fiscalizar o Executivo, analisar leis ou levar recursos para suas bases?

Publique-se

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O Congresso Nacional será tomado por 594 vassouras depois de amanhã, em mais um ato organizado pela sociedade contra a corrupção. Os manifestantes pretendem entregar uma vassoura para cada parlamentar – 513 deputados e 81 senadores – em sinal de protesto contra a corrupção. Os brasilienses, apoia­­dos pela ONG Rio de Paz, vão usar as mesmas vassouras que os cariocas utilizaram na semana passada em Copacabana, numa sucessão de atos envolvendo 2,5 mil pessoas. Esses movimentos espontâneos e apartidários começam a causar um mal- estar em parte da classe política, mas, ao mesmo tempo, precisam ganhar densidade – em quantidade e em reivindicações – caso queiram influenciar os rumos da política nacional.

Em meio a tentativas da sociedade de resgatar o compromisso com a ética e a moralidade, os protestos contra a corrupção começam a despertar reações contrárias. Alguns tendem a classificar esse movimento que começa a se formar como "marchas da insensatez", cujo objetivo seria desmoralizar a política e os políticos. Há também os mais exaltados, como o ex-presidente Lula que, na semana passada, ao receber o título de Doutor Honoris Causa na Universidade Fede­­­ral da Bahia (UFBA), trombeteou que político tem de ter "casco duro" para enfrentar escândalos e resistir à renúncia.

A declaração do ex-presidente representa um desserviço às tentativas de elevar o padrão da política brasileira. É a voz de quem aceita o sistema viciado e incentiva a resistência a mudanças. É absurdo aceitar como natural o aparelhamento do Estado e os desvios de recursos. O dinheiro desviado pela corrupção é aquele que falta para retirar cidadãos da miséria, melhorar a saúde pública sem precisar de mais impostos, investir na educação e na pesquisa científica.

A insensatez, portanto, não é daqueles que marcham. Mas é de se reconhecer a dificuldade desses movimentos em estabelecer um programa moralizante que permita o avanço institucional. Para não serem indevidamente tratados como episódios carnavalescos, é preciso que esses movimentos espontâneos comecem a dizer "a que vieram". Uma pauta de reivindicações clara, na qual estejam incluídos mecanismos que garantam transparência e eficácia punitiva é bem-vinda. Do contrário, o conselho de Lula terá resultado e a sociedade precisará continuar suportando "cascos duros" de gente que insiste em permanecer no palco, a exemplo de José Sarney (PMDB-AP). Na presidência do Senado, Sarney vivenciou o escândalo dos Atos Secretos, em 2009, sem que isso sequer o afastasse da direção daquela Casa.

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