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Palavras, conceitos, ritos e festas perdem gradativamente o sentido nesses tempos de modernidade acelerada. Iniciando-se a Semana Santa, o ideal seria resgatar o significado de renovação e renascimento, simbolizado pela ressurreição de Jesus Cristo. Assim como no Cristianismo, a data atravessou séculos significando um período de "passagem", de transição, nos mais variados credos – no Judaísmo, da escravidão no Egito para a terra prometida; nos mistérios pagãos de Deméter, da passagem das estações (inverno para a primavera, no hemisfério norte), o que propiciava a renovação da vida e a agricultura. Seria ideal também que o resgate desse sentimento de renovação transcendesse o plano pessoal e atingisse a esfera pública.

Porém, (como vocês sabem) não existe um mundo ideal.

No ambiente político brasileiro, conceitos como transparência pública, democracia, igualdade, moralidade e ética facilmente são esvaziados de conteúdo, para serem empregados ao sabor das conveniências do momento. É dessa perda de significados que as contradições vão se acumulando no sistema político e que comportamentos que jamais deveriam ser aceitos passam a ser a regra.

O episódio da exoneração de um chefe regional do Instituto Ambiental do Paraná (IAP), da semana passada, foi exemplar. Ele foi demitido por não ter avisado havia atuado em filme erótico. Deixando o moralismo de lado, o problema verdadeiro, para a sociedade, não é a conduta anterior do nomeado, mas o uso que governantes tem feito dos cargos de confiança. Esses cargos, que deveriam ser manejados com a finalidade de trazer especialistas qualificados para ocupar postos chave na administração, tornaram-se meras moedas de troca em um sistema político que anda mal da cabeça.

E disso resulta uma infinidade de problemas que vão da corrupção à ineficiência. Assim, em vez do discurso vazio de transparência e moralidade, muito mais útil seria a redução drástica de cargos comissionados em todas as esferas de governo. Isso vale mais que mil discussões sobre reforma política. Ataca-se diversos vícios institucionais com uma única medida. Mas, como a classe política acostumou-se na defesa de seus interesses corporativos, dificilmente se a melhora cultural dela virá. O resgate de valores éticos na política seguramente continuará a cargor da sociedade.

Assim, não tenha ilusões. Se puder, use 11 minutos, nesta Páscoa, para refletir sobre a retórica dos eleitos, em especial quando falarem de "transparência" e "moralidade pública". Se os atos deles não coincidirem com a prática, pense o que você pode inventar para mudar isso. E, depois do feriado, depois desse período de descanso, de reflexão, mas, também de diversão e de deleite, faça de seus pensamentos uma realidade.

Olho vivo

Tendências

O colega André Gonçalves, do Conexão Brasília aqui do lado, levantou um tema relevante na semana passada: a revisão do Estatuto do Desarmamento após um jovem matar 12 crianças numa escola em Realengo, no Rio de Janeiro.

A esse respeito, Lena Solda escreveu: "Não sei se [o desarmamento] evitaria exatamente uma tragédia como essa... mas eu acho que a proibição na venda de armas pode ser uma boa medida. Junto com políticas públicas de educação e cultura".

Já Celso Wzorek: "Sempre que acontece algum crime que choca e chama a atenção de todos pensam em fazer novas leis sobre o assunto. Por que ninguém pensa em executar com rigor as leis já existentes?".

Mas a opinião mais contundente veio de Rodrigo Bevilaqua. Segue um trecho: "Desarmar quem? Aliás, nunca esqueçamos que a lei deve ser feita com base em comportamentos culturais e regras aceitas pela sociedade, num ambiente livre de convulsões sociais ou paixões, sob pena de tenderem à abusividade e às injustiças. Com supostas 16 milhões de armas o Brasil tem 21,7 mortes por cem mil habitantes. Já os Estados Unidos com 300 milhões de habitantes e estimados 400 milhões de armas tem exatamente a metade do número de mortos: 10,7 por cem mil habitantes."

Bolsonaro

Na página da coluna no Facebook, Bernardo Quintão pergunta: "Deve o Exmo. Deputado Bolsonaro sofrer alguma penalização por expor suas opiniões?"

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