Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo

O que Karatê Kid e o Japão ensinam sobre cidadania

No filme Karatê Kid, Daniel Larusso aprende artes marciais, lixando tábuas de madeira, pintando paredes e encerando o carro de “Senhor Miyagui”, um mestre de caratê disposto a ensinar o jovem a se defender de gangues de rua. Embora se mostre persistente, no início do filme Larusso se sente muito incomodado em fazer tarefas que aparentemente não têm nenhuma relação com o aprendizado de arte marcial.

Para o jovem “Daniel-sã”, é quase uma exploração de trabalho ficar lixando madeira, encerando carros e pintando paredes. “Senhor Miyagui” exige que tudo seja feito com movimentos meticulosos. Mas, no decorrer do filme, fica claro que a repetição de movimentos aprendidos com o mestre japonês são valiosos para o aprendizado do caratê.

O filme é de 1984 e passa uma mensagem que continua válida três décadas depois: se você fizer com atenção plena os atos mais prosaicos em sua vida, certamente irá desenvolver alta performance em atividades mais relevantes. Não é exagero. De atos simples realizados intensamente emergem comportamentos complexos, algo que o Japão de “Senhor Miyagui” sabe muito bem e aplica nas escolas.

Reportagem publicada no site da BBC nesta semana relata que nos colégios japoneses estudantes ajudam a limpar salas, lavar banheiros, servir merendas e varrer o chão. As tarefas fazem parte da rotina dos estudantes do ensino fundamental e médio no Japão e são realizadas sob supervisão de professores numa espécie de rodízio.

Lá ninguém fala em exploração de trabalho infantil. A intenção é fazer da criança um cidadão consciente da importância de se cuidar do espaço público.

O exemplo das escolas do Japão é valioso pela simplicidade. Cuidar da escola com tarefas de limpeza para uma finalidade maior– formar cidadãos conscientes.

Toda a vez que construímos ou cuidamos de algo nos conectamos emocionalmente com o objeto criado ou preservado. Não queremos ver o objeto destruído ou em más condições. Há inclusive estudo do professor norte-americano de psicologia comportamental Dan Ariely a esse respeito, que pode ser encontrado em vídeos de palestras do TED, e que comprova o apreço do ser humano na criação de objetos.

O fato de nos empenharmos em preservar aquilo que cultivamos é uma poderosa chave para desenvolver a cidadania. Ter essa premissa em mente facilita a implementação de políticas públicas pelo Estado e a criação de empreendimentos sociais por cidadãos interessados em transformar a sociedade.

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.