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13 bairros concentram 70% dos homicídios em Curitiba: CIC, Sítio Cercado, Cajuru, Tatuquara, Boqueirão, Uberaba, Pinheirinho, Alto Boqueirão, Xaxim, Ganchinho, Novo Mundo, Campo de Santana e Parolin.

A cada ano, Curitiba registra cerca de 600 assassinatos. O número por si só é assustador, mas na verdade a sociedade nem se impressiona mais. Estamos ficando tão habituados ao noticiário violento que perdemos a noção do que o número representa. Por isso, vale ressaltar: o alto número de homicídios que ocorre na capital paranaense, e em todo o Brasil, é aterrador. Diante disso, seguem alguns tópicos referentes ao assunto:

1) Como a série especial da Gazeta do Povo Crime sem Castigo está revelando ao longo desta semana, a concentração dos crimes ocorre nos bairros periféricos. Para alguns desavisados, pode parecer problema "dos outros". Mas esse é um assunto que interessa a todos nós. A criminalidade pode ocorrer em locais específicos, mas a insegurança que ela causa atinge toda a cidade de Curitiba. Com que tranquilidade você caminha sozinho pelo Alto da XV ou pelo Bigorrilho à noite?

2) O levantamento feito pela reportagem com base em inquéritos de mil mortes ocorridas entre 2010 e 2013 mostra que 810 pessoas foram vítimas de disparos de arma de fogo. As armas usadas para matar são as mesmas que são usadas para roubar, um crime que foi registrado 14,2 mil vezes em Curitiba em 2012, de acordo com as estatísticas da Secretaria de Estado da Segurança Pública. Enquanto a polícia não agir para deter os homicidas, vai deixar a porteira aberta não só para os assassinos, mas também para os assaltantes.

3) Sabemos da falta de estrutura da polícia. Não há condições para os policiais cuidarem de todos os crimes que ocorrem. Para resolver essa situação, é fundamental um investimento maciço, mas antes disso é preciso ter vontade política. O estado de São Paulo vem reduzindo as taxas de homicídio – há questionamentos sobre a metodologia, mas o fato é que os recursos para a área de segurança pública cresceram muito nos últimos anos. Isso só ocorreu depois que o estado vizinho atingiu taxas enormes de homicídios. Não é preciso esperar tanto.

4) O programa Unidade Paraná Seguro (UPS) é uma boa aposta para reduzir a criminalidade nas áreas mais carentes (e, como consequência, em toda a cidade). Mas é preciso mais articulação entre os atores políticos. Quando o policiamento chega, seria ideal uma mudança estrutural nos serviços públicos.

5) Se, ao mesmo tempo em que é instalada uma UPS, a prefeitura providenciasse iluminação pública, pavimentasse as vias, arrumasse as calçadas (os bairros ricos podem fazer isso por conta própria) e inaugurasse algum novo equipamento, como praça esportiva, alguma escola, creche ou posto de saúde, a comunidade sentiria de fato o impacto da presença do poder público. Isso inibe a atuação criminosa. Para que tudo isso se torne realidade, a prefeitura precisa de convênios com o governo estadual e federal, além de parcerias com a sociedade civil e a iniciativa privada.

6) Os estudiosos das questões de segurança alertam para o perigo de se estigmatizar os bairros e locais com maior número de assassinatos. É preciso ressaltar que as áreas carentes concentram muitos crimes, mas eles são cometidos por poucas pessoas. Isto é: a maior parte da população das áreas carentes não tem relação com o crime; os criminosos que ali atuam é que cometem muitas infrações, pois veem que a presença do poder público é mínima e por isso não sentem medo de serem presos.

7) Um dos problemas é justamente esse "tal" de poder público. O termo abstrato faz referência a todas as instâncias – municipal, estadual, federal – e a todas as esferas – Executivo, Judiciário, Legislativo, Ministério Público. Não há uma pessoa única responsável. Os vereadores, que são os representantes mais próximos da população, gostam de falar de segurança pública durante a campanha eleitoral. Depois deixam desassistidas as pessoas que os elegeram. Deveriam cobrar audiências com deputados estaduais, com secretários de Estado para discutir soluções, encontrar maneira de diminuir a criminalidade e aumentar a qualidade de vida dos curitibanos.

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