• Carregando...
 |
| Foto:

O slogan do governo federal, "Brasil sem Miséria", só se tornará realidade quando corruptores país afora forem responsabilizados e presos pelos desmandos que nos impressionam dia sim outro também. Nos últimos anos, o esquema criado pelo bicheiro Carlinhos Cachoeira fez sangrar os cofres públicos sob o olhar benevolente de políticos e empresários de todas as cores e matizes, em todos os cantos brasileiros.

Levantamento feito pelo jornal Folha de S. Paulo, em setembro de 2011, mostra que o Brasil perdeu R$ 40 bilhões nos últimos sete anos por causa da corrupção. Esse é quase o mesmo valor de tudo – repetindo, TUDO – o que o governo federal investiu em 2010 e 2011. Pelos dados orçamentários, o montante efetivamente pago pelo governo federal em investimentos somou R$ 38,1 bilhões.

O combate à corrupção depende de uma série de condicionantes e de pessoas. Não é só responsabilidade do governo federal, mas este deveria servir de exemplo. Não é o que vem fazendo. Por exemplo: a importantíssima Controladoria-Geral da União, que fiscaliza os desvios de dinheiro e a má conduta de agentes públicos está sofrendo contingenciamento. Os auditores tiveram menos dinheiro para viajar e fazer as fiscalizações presenciais em 2011.

Esse descaso já foi noticiado pela Gazeta do Povo, mas vale relembrar alguns números. Em 2010, a CGU gastou R$ 6,9 milhões com diárias e R$ 2 milhões com passagens. No ano seguinte, quando Dilma Rousseff assumiu e começou uma "faxina" para eliminar ministros e outros agentes públicos suspeitos de irregularidades, a queda foi vertiginosa. Apesar da atitude de combate à corrupção, os recursos para diárias da CGU caíram 37%; no caso das passagens, a redução foi de 22%.

Mesmo saco

A maioria da população está aprovando as atitudes de Dilma Rousseff, a considerar os elevados índices de aprovação popular. Possivelmente, a postura técnica da presidente contribui bastante para isso. Ela realmente nunca esteve muito envolvida com o rame-rame da política.

A oposição, obviamente, contesta essa aprovação popular, e sempre tentou vincular o governo do PT a toda corrupção que aflige o Brasil. Os flagrantes nas maracutaias do ex-governador do Distrito Federal José Roberto Arruda, em 2009, foram tratados como caso isolado. Mas, agora, as negociatas de Carlinhos Cachoeira confirmam que nenhum partido pode se avocar como guardião da ética. Em todas as frentes há bandidos travestidos de políticos.

Por isso quem tem perfil mais técnico acaba saindo em vantagem, mesmo que o combate à corrupção seja só fachada.

Big Brother

O deputado federal Maurício Trindade (PR-BA) tem uma proposta – um tanto quanto mirabolante – para combater a corrupção. No Projeto de Lei n º 2.147/11, ele sugere a criação de um "Big Brother" governamental. O texto prevê que os gabinetes de secretários municipais, estaduais e ministros sejam monitorados permanentemente por câmeras de vídeo. Os respectivos chefes do Executivo (prefeitos, governadores e presidente) teriam acesso ao conteúdo gravado, para saber com quem seus subordinados andam se encontrando.

O projeto mal andou. Foi apresentado em agosto e no mês seguinte distribuído a duas comissões: de Trabalho, de Administração e Serviço Público e Constituição e Justiça e de Cidadania. Nenhuma delas apresentou parecer.

É bastante ingênuo pensar que filmagens do tipo coibiriam qualquer coisa. Os governantes não precisam estar em seus gabinetes para tramar alguma maracutaia. E a quantidade de conversas telefônicas e e-mails interceptados na Operação Monte Carlo, que investiga os negócios ilegais de Cachoeira, comprova que corrupto e corruptor nem precisam se encontrar para que os cofres públicos sangrem.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]