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Não é ainda o caos, mas a segurança pública no país está em ponto de ebulição. Em geral, policiais de vários estados brasileiros deveriam ter salários melhores do que ganham hoje. Ocorre que, apesar de a remuneração ser uma boa motivação para que eles trabalhem melhor, não é garantia que a sociedade ficará mais segura. O conflito que aconteceu em Curitiba no domingo passado, no Largo da Ordem, mostra que os policiais são despreparados, e que os comandos das corporações batem cabeça para gerir suas corporações. Sempre se fala em polícia comunitária, mais próxima do cidadão, mas continuamos enfrentando a truculência.

Em algumas situações extremas, os soldados precisam revidar com força. Mas, para a maioria das pessoas que esteve presente no pré-carnaval dos Garibaldis e Sacis, no Largo da Ordem, a ação policial foi desproporcional.

Nem toda aglomeração de pessoas é um barril de pólvora. Mas, se a polícia faz uma interpelação violenta, deve imaginar que haverá algum revide. Isso leva a uma reação mais forte dos agentes de segurança, o que vai revoltar ainda mais as pessoas, e assim por diante.

O que também tem revoltado os cidadãos são cenas de desordem cometidas pelos próprios agentes de segurança. A reivindicação dos grevistas na Bahia é legítima, mas a greve é inconstitucional. E, fora os aspectos legais, o que mais assusta é que o movimento deixou a população vulnerável e a expôs ao perigo.

Falando em vulnerabilidade, é como se todo dia estivéssemos em uma roleta-russa. Vários colegas da Gazeta do Povo já tiveram suas casas assaltadas e, em muitas vezes, à mão armada. Nada pior do que se sentir inseguro em sua própria residência. Em novembro passado, a casa de uma prima foi roubada em Campo Largo, na Região Me­­tropolitana de Curitiba, local onde a violência cresce a galope.

Em 2011, os crimes contra o patrimônio nos municípios da RMC (excluindo Curitiba) aumentaram 10% em relação ao ano anterior. É muito furto, roubo, estelionato, dano e extorsão. Na média estadual, a evolução foi de apenas 0,6%; em Curitiba, de 0,5%.

Outro dado comprova o fato de que a RMC está à deriva na segurança pública. A cada 39 moradores desses municípios, um foi vítima de crimes contra o patrimônio. Considerando apenas Curitiba, foi um caso para cada 20 pessoas.

Invasão

Infelizmente, não é apenas em situações extremas que as corporações se mostram despreparadas e desfocadas de seu papel fundamental, que é cuidar do bem-estar do cidadão. Em casa, se não somos alvos de assaltantes, corremos o risco de ter uma visita indesejada da própria polícia. Por exemplo: é domingo, e a família se reúne para almoçar. Avó, netos, bisnetos, primos e tios, talvez 16 pessoas, conversando do jeito que uma família conversa. A vizinha do andar de baixo acha que era muito barulho, e chama a polícia. O policial chega rapidamente, enquanto a família ainda almoça. Vê que não se trata de nenhum distúrbio à ordem.

Mas, dali a um tempo, quando a vizinha de baixo liga novamente à polícia, à noite, um soldado retorna, desconsiderando que pode ser uma denúncia infundada. O policial toca a campainha e acorda a moradora de cima, que já dormia há tempos e até desconfia de uma visita em horário tão inapropriado. As pessoas têm direito de reclamar, mas, sendo altas horas da noite, com vários crimes ocorrendo na cidade, é de se desesperar que um policial perca tempo indo à casa de uma pessoa inocente.

Grande parte disso é responsabilidade dos governantes, que não contratam, não incentivam a capacitação, não valorizam os servidores e dizem que não podem pagar maiores salários ao mesmo tempo em que assumem gastos com a criação de secretarias, a contratação de comissionados e a compra de aeronaves.

Para nos sentirmos todos seguros, é fundamental uma valorização do policial e de outros agentes de segurança pública. Isso passa por reajuste salarial, certamente, mas dentro de uma dinâmica razoável, que leve em conta a sociedade como um todo. É irreal exigir aumento imediato de 50%, 60%. E é covarde se valer da condição de polícia para impor medo na sociedade.

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