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É hora de arregaçar as mangas e trabalhar muito para garantir que Curitiba seja uma das subsedes da Copa do Mundo deste ano. Mas, enquanto providenciam o socorro ao Atlético, o prefeito Gustavo Fruet e o governador Beto Richa precisam planejar como o poder público se sairá bem desta. O que vão pedir em troca pela ajuda extra? Ou a desorganização e o descaso na reforma da Arena da Baixada passarão em branco?

Em um país tão caótico como o nosso, é terrível constatar que a modelagem acertada entre prefeitura, estado e clube Atlético Paranaense coloca Curitiba como uma das cidades com pior planejamento para o evento esportivo. Dos 12 estádios que serão usados, o do Atlético é um dos que teve o orçamento mais inflado durante os últimos anos. Entre o primeiro balanço da Copa, em janeiro de 2011, para 20 de janeiro de 2014 – dado mais recente do Portal Transparência da Copa – o valor da obra aumentou 77%.

Da "capital mais pronta" passamos à condição de "ameaçada". Por quê? Não dá nem para saber ao certo. Ontem, o Tribunal de Contas do Estado veio a público relembrar que aponta os problemas no estádio desde abril de 2012, e que os envolvidos não tomaram as providências necessárias. O CAP, executor da obra, nunca se preocupou em repassar informações. Às perguntas feitas pela equipe deste jornal, por exemplo, o clube não respondia nada e apenas informava, por nota, que "não atende a Gazeta do Povo".

Uma das funções do jornal é acompanhar e fiscalizar as parcerias entre governos e empresas. Neste caso, a imprensa foi cerceada, e toda a sociedade saiu perdendo.

Como há secretarias especiais para cuidar da Copa, funcionários públicos deslocados para cuidar dos trâmites burocráticos, transferência de potencial construtivo para bancar a obra, entre outras coisas, há sim muitos recursos públicos aplicados, que deveriam ter sido acompanhados com muito mais cuidado. Além disso, o Atlético está fazendo um financiamento para concluir a obra, via Fomento Paraná e BNDES. Esses órgãos também teriam que ter monitorado melhor o dinheiro emprestado. Avaliar o risco de crédito e a qualidade do projeto são passos básicos em qualquer financiamento.

Alguma coisa desandou para que o valor da reforma subisse tanto. Dentre os 12 estádios da Copa do Mundo no Brasil, o aumento médio de preço entre janeiro de 2011 e janeiro de 2014 foi de 28%, contra os 77% do estádio em Curitiba.

Não se sabe ainda porque o poder público deixou a situação chegar a este ponto, mas há alguns fatos que sinalizam um desdém com a transparência e o controle de gastos. Por exemplo: lembram que Mario Celso Cunha, que hoje é coordenador da Copa no Paraná, disse, em reunião no Conselho do Atlético em 2010, que a tendência geral no Brasil é que os clubes não honrem os empréstimos? Era uma reunião sobre o financiamento com o BNDES, que precisava ser aprovado pelos conselheiros. O caso foi noticiado pela Gazeta do Povo em março de 2012 (veja em bit.ly/1c859xd).

Cunha foi perdoado. Para o governador Beto Richa, as declarações dele eram de dois anos e estavam superadas. Era difícil esperar uma atitude diferente, pois Richa já perdoou crimes flagrantes, como o desvio de dinheiro público feito por Ezequias Moreira no caso da sogra fantasma. Ao passar a mão na cabeça de tantas pessoas, Richa se assemelha ao ex-presidente Lula, o qual não se importava com as acusações de corrupção contra seus ministros e aliados.

É claro que, caso os chefes do Executivo mostrassem mão firme contra pequenos e grandes deslizes, o dinheiro público seria preservado.

Então, prefeito, governador, o que será feito?

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