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Desafios

Veja alguns motivos que levaram ao desenvolvimento de uma Política Nacional de Humanização:

• Fragmentação do processo de trabalho e das relações entre os diferentes profissionais;

• Precária interação nas equipes e despreparo para lidar com a dimensão subjetiva nas práticas de atenção;

• Sistema público de saúde burocratizado e verticalizado;

• Baixo investimento na qualificação dos trabalhadores, especialmente no que se refere à gestão participativa e ao trabalho em equipe.

Fonte: HumanizaSUS.

Apesar de pouco aplicado, o Brasil tem uma Política Nacional de Humanização (PNH) do Sistema Único de Saúde (SUS). Foi instituída em 2003, e coleciona experiências interessantes país afora. Infelizmente, são pontuais.

As suspeitas sobre condutas médicas inadequadas no Hospital Evangélico poderiam gerar, como efeito positivo, a exigência por um serviço mais humanizado, que beneficiasse tanto pacientes e familiares como os funcionários e gestores dos serviços hospitalares.

Do lado dos trabalhadores, é fato notório que os trabalhadores de hospitais e serviços de emergência trabalham sob condições muito estressantes, algumas vezes sem estrutura adequada e sem a remuneração proporcional à importância do ofício. Mesmo que contem com estrutura, capacidade técnica e sejam bem remunerados, ainda assim terão de lidar com situações muito delicadas. Por vezes terão de enfrentar familiares e pacientes inconformados com algum tratamento que não dê resultado, já que, infelizmente, em algumas situações é a doença que vence.

Do lado dos pacientes e familiares, é normal encontrar histórias de descaso e falta de esclarecimentos por parte dos funcionários do hospital. Tanto é normal que não se questiona o comportamento ríspido de alguns médicos, que passam correndo pelos pacientes e praticamente não dão informação sobre o tratamento.

Independentemente da conduta individual de cada um, é dever dos governos agir para aplicar de fato o PNH. Segundo os documentos do Ministério da Saúde, essa política deve constar dos planos municipais e estaduais e do plano nacional de saúde, e ser pactuada pelos gestores e pelo Conselho de Saúde correspondente em cada localidade.

Para funcionar, a PNH deve ser incorporada por aqueles que estão no dia a dia do SUS: os trabalhadores. A política propõe a "promoção de ações que assegurem a participação dos trabalhadores nos processos de discussão e decisão, fortalecendo e valorizando os trabalhadores, sua motivação, o autodesenvolvimento e o crescimento profissional". Mas essas práticas precisam acompanhar o profissional por toda a carreira, desde a graduação até as especializações, extensões e todo o período de formação continuada.

Gerir os serviços de saúde é algo muito complexo, e qualquer gasto extra precisa ser bem planejado. Mas o ministério propõe que os recursos de humanização sejam integrados com os de atenção à saúde. Além disso, segundo experiências relatadas nos Cadernos HumanizaSUS, o serviço humanizado tem impacto positivo no tratamento, reduzindo a despesa global.

No eixo da atenção à saúde, a PNH sugere que seja adotada a atenção integral à saúde, por meio da intersetorialidade. Para atingir seus princípios, é preciso acompanhar sistematicamente e avaliar os projetos desenvolvidos. Por fim, o documento base do HumanizaSUS para gestores e trabalhadores destaca que é preciso incluir o debate da PNH na mídia, para difundi-la para toda a sociedade.

Objetivos

Os resultados esperados pela PNH são ambiciosos (como deve ser com toda política pública): redução de filas e do tempo de espera, com ampliação do acesso; atendimento acolhedor e resolutivo baseado em critérios de risco; implantação de modelo de atenção com responsabilização e vínculo; garantia dos direitos dos usuários; valorização do trabalho na saúde; e gestão participativa nos serviços. São ambiciosos, mas possíveis e desejáveis. E, afinal, um pouco de humanismo não faria nenhum mal. E ajudaria a identificar profissionais que não têm vocação para atender pacientes em situação delicada.

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