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Com quantos empreendedores se constrói o turismo no Paraná? Só nesta semana, a Gazeta do Povo apresentou a história de dois deles: Elmano Araújo, que oferece serviços de rafting e tirolesa no Vale do Ribeira (entre Cerro Azul, Dr. Ulysses e Adrianópolis) e Alessom Fernando Batista Ribeiro, o Coelho, que atua em Tibagi, nos Campos Gerais, com trilha, cavalgadas e rapel. Eles não se conhecem, deram entrevistas em momentos diferentes para dois repórteres distintos e trabalham a 200 quilômetros um do outro. Mas, ao falarem sobre a atividade turística fora dos grandes centros, fizeram quase o mesmo discurso.

Araújo foi retratado na série "Paraná em Pessoa" (http://bit.ly/1xm6uwj), em reportagem sobre as desigualdades de emprego e renda no estado. Coelho foi um dos entrevistados pela série Expedição Paraná (http://bit.ly/1rfyzN7), que percorreu todas as regiões paranaenses para mostrar as potencialidades de cada local e as dificuldades que precisam ser solucionadas pela gestão estadual.

Tanto um como outro diz que falta interesse e articulação para promover o turismo em suas regiões. E isso que os dois atuam em cidades bem próximas à grande concentração populacional da Região Metropolitana de Curitiba e o entorno de Ponta Grossa. Não são, portanto, municípios distantes para uma boa parte da população do Paraná.

De fato. Em quilometragem, a distância não é muita. Seria percorrida rapidamente, em um estado mais desenvolvido. Não é o caso do Paraná. As ligações rodoviárias são precárias – mesmo se tratando de regiões ricas e bem localizadas, é bom que se repita.

Araújo conta que, ao orientar os turistas sobre como chegar até o Rancho Elmano, a maioria duvida que demore tanto tempo. De Curitiba, são 90 quilômetros, e o senso comum leva a crer que em uma hora seria possível percorrê-los. Mas são necessárias duas horas. Para Tibagi, a vantagem é que pouco mais da metade dos 211 quilômetros da capital são em pista dupla (até Ponta Grossa). Isso contribui para que a viagem de carro possa ser feita em aproximadamente três horas – o que também não é grande coisa.

Mas, passando ao largo da capital e de Ponta Grossa, vê-se bem que as más condições da estrada se tornam uma barreira para o desenvolvimento turístico e econômico do interior do Paraná. Lembram que a distância entre o Vale do Ribeira (Cerro Azul, mais especificamente) e Tibagi é de 200 quilômetros? Pois bem, para percorrê-los são necessárias quatro horas.

A infraestrutura rodoviária é um requisito básico para o desenvolvimento regional. A produção agrícola e industrial fica muito cara e até inviabilizada se não há acesso facilitado. No caso do turismo também. Com que motivação uma família entra no carro para percorrer as belezas do Paraná se terá de enfrentar horas de viagem em estradas muitas vezes em condições precárias?

Essa situação também limita a ação empreendedora. Araújo e Coelho contaram que o ideal é a oferta de mais serviços turísticos, para que os visitantes passem mais tempo na região. Não há como um micro empreendedor cuidar de várias frentes. "É mais interessante haver várias empresas fazendo atividades paralelas do que eu desenvolver todas as atividades. Prefiro ficar com o rafting e a tirolesa e melhorar a qualidade desses produtos do que oferecer de tudo", diz Araújo.

Além da estrada, o poder público precisa incentivar a comunidade local a atuar nas potencialidades econômicas de cada região. Para isso, é preciso ofertar cursos profissionalizantes. Mais uma vez, o custo para que empreendedores façam isso é muito alto.

Historicamente, o Paraná falha quando o assunto é desenvolvimento regional. Prova disso é o retrato feito pelo IBGE no Censo de 2010 sobre a instrução da população ocupada. Na média paranaense, 35% não têm instrução ou ao menos o Ensino Fundamental completo. Em 4 das 39 microrregiões do Paraná, esse índice supera os 50%.

É um cenário bem difícil, mas, mesmo assim, há pequenos empreendedores desenvolvendo as comunidades por meio do turismo. Imaginem que salto haveria se houvesse apoio efetivo do poder público.

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