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Chega o fim de semana, e muitos curitibanos sofrem um dilema: o que fazer? É que geralmente somos azarados e ao virarmos a folhinha do calendário para sábado, o sol se assusta e vai brilhar em outras freguesias. Daí, dá-lhe fila no shopping.

Mesmo nos dias de sol os curitibanos enfrentam dificuldades para frequentar áreas abertas. Já falei nesse espaço, mas vou repetir enquanto for verdade: não temos bancos decentes nos nossos parques e praças. É impressionante. Tudo bem, os mais jovens acham o máximo sentar na grama e entre as árvores, mas para um idoso, pessoas com alguma necessidade especial ou mesmo para quem só quer um pouco de conforto não há opção. Outro dia estive no Bosque do Papa, onde há alguns bancos. Mas todos imprestáveis, com ripas soltas ou tortas. Isso se repete por toda a cidade.

Enquanto a prefeitura não arruma cadeiras ou banquinhos (ou repassa à iniciativa privada, o que é até aceitável, desde que eles sejam bonitos, sem propagandas ou marcas das empresas), temos outro programa para os finais de semana. Faça chuva ou faça sol, cerca de 100 escolas municipais abrem suas portas para a comunidade aos sábados e domingos, das 9h às 17h.

Como o próprio nome diz, o Comunidade Escola atende todas as pessoas. Não só as crianças, mas também jovens, adultos e idosos. E o programa não se destina às pessoas carentes. Qualquer um pode participar, dos mais pobres aos mais ricos.

As atividades, gratuitas, são diferentes em cada escola ou a cada fim de semana, mas geralmente envolvem jogos de quadra (futebol), jogos de tabuleiro (xadrez), brincadeiras (cama elástica), literatura (hora do conto, biblioteca aberta) e também vários cursos profissionalizantes, com 12 a 40 horas (que se estendem ao longo de dois a quatro fins de semana). Há opções de artesanato, gastronomia, informática, etc. Também há atendimento de saúde, com aferição de pressão e glicemia e orientações específicas.

O coordenador-geral do programa, Luciano Martins de Oliveira, explica que os cursos e atividades são definidos em cada escola, dependendo da demanda. A gestão compartilhada é um primeiro passo para o sucesso de uma política pública. Quando as decisões vêm de cima para baixo, goela abaixo, geralmente se tornam ineficazes e ineficientes.

Outro aspecto interessante do programa – que não é único no Brasil, nem foi pioneiro, mas que está funcionando bem – é a articulação entre várias esferas de governo e a sociedade civil organizada. Há a atuação de vários órgãos municipais, associações culturais e de moradores, ONGs, empresas patrocinadoras e a colaboração de cerca de 800 voluntários.

O Comunidade Escola existe em Curitiba há sete anos e nesse período já foram feitos 11 milhões de atendimentos. Cerca de 150 mil pessoas já frequentaram o programa pelo menos uma vez.

O programa não vive só da solidariedade das pessoas: os professores da rede são remunerados para participar. Muitas vezes devem enfrentar situações estressantes e há um desgaste natural, principalmente porque ficam sem folga semanal.

Mas, no geral, o Comunidade Escola tem muitos elementos para se tornar uma boa política pública de Estado – e não de governo, que é efêmero. A satisfação dos frequentadores com as atividades dá força ao programa, protegendo-o de eventuais mudanças no comando da prefeitura municipal. Quem seria irresponsável a ponto de terminar com um ótimo projeto só por causa de um oponente político? Não parece haver esse risco.

A utilização do espaço físico das escolas tem outras vantagens. Segundo Oliveira, elas não sofrem atos de vandalismo como outras instituições que ficam fechadas nos fins de semana. Em dezembro de 2011, a Gazeta do Povo publicou que 84% dos frequentadores acham que a violência diminuiu após o início do programa. Além disso, a comunidade também ajuda a própria escola: pode pintar as faixas das quadras esportivas ou grafitar um muro ou uma parede, protegendo-os de pichações.

Podemos avançar, com certeza. Uma medida seria ampliar essas ações para outros espaços públicos, como nossas praças e parques. Enquanto isso, vamos aproveitar as escolas, que faça chuva ou faça sol, seguem o lema: Viva o fim de semana!

Obs: A coordenação do Comunidade Escola informou que os professores que atuam no fim de semana têm direito a uma folga semanal, pois as equipes que trabalham no sábado não trabalham no domingo, e vice-versa.

Serviço:www.comunidadeescola.org.br

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