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Curitiba

Com 25 votos, João do Suco é eleito novo presidente da Câmara Municipal

O vereador Paulo Salamuni recebeu 11 votos; novo presidente assume o cargo já nesta segunda-feira (19)

O vereador João do Suco (PSDB), eleito presidente da Câmara nesta segunda-feira (19) |
O vereador João do Suco (PSDB), eleito presidente da Câmara nesta segunda-feira (19) (Foto: )

O vereador João do Suco (PSDB) foi eleito o novo presidente da Câmara Muncipal de Curitiba, com 25 votos, na tarde desta segunda-feira (19). Paulo Salamuni (PV) recebeu 11 votos. Os vereadores Juliano Borghetti (PP) e Caíque Ferrante (PRP) se abstiveram de votar. O vereador eleito assume o cargo já nesta segunda-feira.

João do Suco foi cumprimentado por seus colegas e, na sequência da votação, assinou o documento que o transfere o cargo. Na antesala do plenário, alguns manifestantes insatisfeitos com o resultado gritaram "laranja", alegando que o vereador eleito significa a continuidade da gestão de João Cláudio Derosso.

Derosso renunciou ao cargo em 12 de março, após quase quatro meses em licença. Ele pediu afastamento, em novembro de 2011, depois das denúncias de irregularidades em licitações envolvendo os contratos de publicidade da Casa.

- FOTOS: Veja imagens da sessão- COMENTE: O que você acha do caso Derosso e das eleições na Câmara? Registre sua opnião- LINHA DO TEMPO: Relembre os principais fatos do caso Derosso- ELEIÇÃO: Confira como foi a sessão

O mandato tampão do próximo presidente terá 11 meses de duração (até fevereiro de 2013). A eleição desta tarde teve sete pré-candidatos: além de João do Suco, demonstraram intenção de concorrer os vereadores Juliano Borghetti (PP), Dirceu Moreira (PSL), Caíque Ferrante (PRP), Paulo Salamuni (PV), Professor Galdino (PSDB), e Sabino Picolo (DEM).

Promessas

Após 15 anos de comando de João Cláudio Derosso (PSDB), há consenso entre os candidatos à presidência de que a transparência é o caminho ideal para recuperar a imagem da Casa.

Algumas promessas feitas pelos candidatos foram a demissão de comissionados, seguindo a determinação do Ministério Público; a adequação à Lei da Transparência (que prevê a publicação dos atos administrativos, despesas e funcionários); a divulgação correta de dados no Diário Oficial; a manutenção da atual chamada (que obriga os vereadores a estarem presentes no início e fim das sessões); e, por fim, a realização de uma auditoria para avaliar o período em que Derosso esteve na presidência.

Transparência não tem volta

Independentemente de quem seja eleito presidente da Câmara, o processo de transparência é um caminho sem volta, na avaliação de Fabrício Tomio, cientista político e professor da UFPR. "As instituições de controle, como o Ministério Público, estão funcionando. Também há a opinião pública, formada por imprensa e eleitores, exigindo o cumprimento das leis."

De acordo com ele, o conjunto de acusações ao ex-presidente João Claudio Derosso torna esse rumo ainda mais evidente. "Todas as denúncias que levaram o antigo presidente à renúncia tiveram impacto positivo para que, em um futuro próximo, a Câmara se adapte às exigências legais e dos cidadãos."

Para Luciana Veiga, também da UFPR, a troca de presidente pode favorecer a relação entre partidos. "Embora se saiba que isso é difícil de acontecer, o presidente deve receber as demandas dos líderes de bancada, favorecendo o diálogo", diz.

Denúncias contra Derosso

Em julho do ano passado, a Gazeta do Povo publicou uma matéria mostrando que a Oficina da Notícia, empresa de sua esposa, Cláudia Queiroz Guedes, recebeu R$ 5,1 milhões da Câmara após vencer uma licitação para publicidade da Casa. No mesmo mês, a Gazeta do Povo mostrou que a Câmara contratou quatro funcionários da Assembleia Legislativa do Paraná, num caso de duplo emprego público, o que é proibido. Entre os contratados estava João Leal de Mattos acusado pelo Ministério Público do Paraná de ser um dos operadores do esquema de desvio de dinheiro da Assembleia denunciado pela série de reportagens Diários Secretos, da Gazeta do Povo e da RPC TV.

Após o recesso do meio do ano, o presidente se manteve afastado da Câmara. No dia 2 de agosto, retornou e fez um discurso dizendo ser vítima de uma "inquisição". Em 21 de novembro, Derosso pediu afastamento da presidência da Câmara por 90 dias.

Derosso está no seu sexto mandato como vereador. O primeiro foi em 1988 e ele foi reeleito em 1992, 1996, 2000, 2004 e 2008. Segundo o site da Câmara dos Vereadores, Derosso foi primeiro-secretário da Casa em 1991 e 1992 e assumiu dez vezes o comando da prefeitura de Curitiba.

Confira como foi a eleição:

Relembre os principais fatos do caso Derosso:

15/07/2011 – Reportagem da Gazeta do Povo mostra que a Oficina da Notícia, empresa da esposa de Derosso, Cláudia Queiroz Guedes, venceu licitação para publicidade da Câmara em 2006. Desde então, foram gastos R$ 5,1 milhões com a empresa de Cláudia – de um total de R$ 31,9 milhões gastos em comunicação.

19/07/2011 – O economista Everton de Andrade apresenta as denúncias feitas pela imprensa ao Conselho de Ética da Câmara. Em pleno recesso, conselheiros se reúnem dois dias depois e iniciam os trabalhos de investigação do caso.

30/07/2011 – Novas denúncias: a Gazeta do Povo mostra que a Câmara contratou quatro funcionários da Assembleia – num caso de duplo emprego público, o que é proibido. O MP investiga ainda a suspeita de que os quatro teriam sido "fantasmas". Entre os contratados, um nomeado por Derosso se destaca: João Leal de Mattos, acusado pelo MP de ser um dos operadores do esquema de desvio de dinheiro da Assembleia denunciado pela série de reportagens Diários Secretos, da Gazeta do Povo e da RPC TV.

1º/8/2011 – A Câmara retoma os trabalhos após recesso, sem a presença de Derosso em plenário. A sessão acaba em confusão entre manifestantes que pediam o afastamento do presidente e a Guarda Municipal.

2/8/2011 – Derosso retorna à Câmara e, em discurso, diz ser vítima de uma "inquisição". Depois, foge dos jornalistas presentes. Desde então, não se manifestou mais à imprensa.

3/8/2011 – A vereadora Renata Bueno apresenta pedidos de afastamento de Derosso e de instalação de uma comissão processante para julgar o vereador. A Mesa Executiva remete pedido ao Conselho de Ética, que contesta pedido.

9/8/2011 – O líder da oposição, Algaci Túlio (PMDB), acatando sugestão do vereador Paulo Salamuni (PV), anuncia o pedido de CPI. Sete vereadores, do PMDB, do PT e do PV, aderem já na sessão seguinte. A vereadora Professora Josete (PT) apresenta denúncia de que Derosso teria contratado a cunhada para um cargo de comissão.

15/8/2011 – Situação e oposição entram em acordo e decidem, juntas, assinar a CPI em bloco.

21/11/2011 - Derosso pede afastamento da presidência da Câmara por 90 dias.

12/03/2012 - Derosso renuncia ao cargo de presidente da Casa.

19/03/2012 - Novo presidente da Câmara Municipal será eleito.

Confira as imagens do início da sessão

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