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Revolta, ironia e bom humor marcaram os cartazes carregados por manifestantes no protesto realizado no centro de Curitiba nesse domingo. Praticamente todo mundo que decidiu ir às ruas protestar contra o governo federal tinha algo a dizer.

SLIDESHOW: Veja fotos dos cartazes

Protesto “encolhe”, mas reúne 40 mil contra Dilma em Curitiba

A manifestação deste domingo (12) em Curitiba contra a presidente Dilma Rouseff (PT) reuniu cerca de 40 mil pessoas, conforme levantamento da Polícia Militar (PM) - um drone da Gazeta do Povo fez imagens aéreas de Curitiba durante o ato. O número equivale a aproximadamente metade do público que participou do ato anterior, em 15 de abril. Os organiz

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VÍDEOS: veja detalhes da manifestação em Curitiba

O aposentado Getúlio Gracelli, 71 anos, apelou à criatividade e bom humor para protestar. Ele mandou fazer uma camiseta com os dizeres “Je suis coxinha” – um trocadilho irônico entre o lema de protesto contra o ataque ao jornal francês Charlie Hebdo, em janeiro, e a expressão usada para designar quem é de direita. “Não dizem que quem não é petista é coxinha? Pois então eu sou coxinha. Se não aguentar mais a roubalheira e as mentiras desse governo é ser coxinha, então eu sou coxinha”, declarou.

Como no ato do dia 15 de abril, novamente muitas crianças estiveram presentes nas ruas de Curitiba. Julia Ricci, 11 anos, era uma delas. Ela carregava um cartaz no qual pedia pelo futuro das crianças. Quando questionada sobre contra o que protestava, respondeu “contra a roubalheira”. A mãe de Julia, Márcia Ricci, disse achar importante que a filha estivesse nas manifestações. “Acho importante ela participar de um momento histórico. Ela acompanha o noticiário e entende o que acontece. É pelo futuro dela também”, disse.

Com um discurso um pouco mais indignado, Ricardo Siqueira, 65 anos, caracterizado dos pés à cabeça, com o rosto pintado como quem vai à guerra, nariz de palhaço, e um enorme cartaz no qual declarava suas preferências políticas colado ao corpo, disse ir às ruas para incentivar os mais jovens a lutar. “Estou aqui, com 65 anos, para mostrar para os jovens que não se pode desistir. O país foi destruído pelo excesso de mordomias e inchaço da máquina pública, isso tem que mudar”, falou.

Bandeiras diferentes

Embora o mote “fora Dilma” e as críticas ao Partido dos Trabalhadores tenham predominado em cartazes e faixas que circularam no Calçadão da Rua XV de Novembro neste domingo, em Curitiba, a manifestação levou gente com visões diferentes sobre o propósito da própria mobilização.

Um grupo de maçons iniciou a mobilização mesmo antes de chegar na Praça Santos Andrade. Vestidos de terno e gravata, eles chamaram a atenção quando desceram pela Praça Tiradentes e entraram no Calçadão da XV. “Não é que nós somos contra a posição do movimento, mas queremos nos diferenciar porque os princípios maçônicos não nos permitem dizer “fora Dilma”, por exemplo. Queremos o fim da corrupção, mas não temos nada contra pessoas, partidos ou instituições”, explicou Luiz Alberto.

Na contramão do que pregaram os próprios organizadores no fim do protesto, manifestantes também seguravam cartazes e faixas para pedir a intervenção militar no País. “É a única forma de tirar um governo que não representa o Brasil. Lamento muito que eles (organizadores) não concordem”, disse a aposentada Marli Guebur.

Sobra do Mundial de Futebol

Cerca de uma hora depois do início da manifestação, marcada para as 14 horas, o vendedor ambulante Jonathan Padilha, 29 anos, já demonstrava preocupação com o ritmo das vendas de camisetas, bandeiras, apitos e cornetas, todos nas cores verde e amarelo. “Por enquanto, está devagar”, disse ele, que resolveu se instalar no meio do Calçadão XV para “se livrar” dos produtos que adquiriu durante a Copa do Mundo. “Eu já perdi dinheiro na Copa. Isso tudo aqui é da época da Copa. Agora estou tentando me recuperar”, explicou ele, que de segunda-feira a sexta-feira vende pamonhas.

Naquele horário, o vendedor buscava cruzar com os manifestantes que seguiam por ali em direção à Praça Santos Andrade, ponto de partida da passeata. Também no Calçadão da XV, outra vendedora, Vanessa Berti, de 32 anos, tentava conquistar consumidores com uma oferta de camisetas confeccionadas especialmente para os manifestantes. Camisetas para adultos com os dizeres “Fora Dilma” e “Impeachment” estavam sendo vendidas por R$ 20. “Mas o que tem saído mais são as faixinhas de cabeça, com o “Fora Dilma”. Faço três faixinhas por R$ 10”, explica ela.

Vanessa disse que concorda com a saída da presidente, um dos principais motes da manifestação em Curitiba. “Ela só está fazendo coisa errada. Está afundando o País. Tirando ela do poder já vai ajudar bastante”, defendeu ela. Ao ser questionada, contudo, sobre quem assumiria num eventual processo de impeachment, Vanessa primeiro disse que não sabia informar. “Como é mesmo o nome daquele que disputou com ela? Isso, o Aécio. Eu acho que é ele que assume”, respondeu ela.

Veja mais imagens dos manifestantes e cartazes flagrados durante os protestos no centro de Curitiba:

  • O aposentado Getúlio Gracelli, 71 anos, usou da criatividade e bom humor para protestar. Em sua camiseta lia-se “Je suis coxinha”, um trocadilho entre o lema dos protestos contra o ataque à redação do jornal francês Charlie Hebdo, em janeiro, e à expressão utilizada para definir quem é de direita.
  • Júlia Ricci, 11 anos, e sua mãe, Márcia Ricci. Segundo Márcia, o cartaz foi inteiramente confeccionado pela filha, que inclusive escolheu os dizeres. Questionada sobre contra o que protestava, a menina não titubeou: “Contra a roubalheira”
  • Elizabete Daldin, 61 anos, carregava um cartaz que fazia alusão às estrelas símbolo do Partido dos Trabalhadores. Para ela, a culpa da crise política e econômica vivida pelo país é do PT.
  • Ricardo Siqueira, 65 anos, Paulo Martins, 68, e Leandro Martins, 30, chamavam a atenção dos demais manifestantes por conta da caracterização e dos cartazes que empunhavam. “Estou aqui, com 65 anos, para incentivar os mais jovens a lutarem por um país melhor. O Brasil está destruído”, sentenciou Siqueira.
  • Osório Roberto Tamarozi, 67 anos, desfilava com um cartaz que pedia por “Mais Moro(s), menos Dilma(s)”. “Precisamos de mais justiça, como o juiz faz; e menos mentira”, explicou.
  • Cartaz ironiza suposto pagamento que manifestantes favoráveis ao governo federal teriam recebido para ir à manifestação.
  • Alguns manifestantes traziam cartazes favoráveis à uma intervenção militar, mas eram minoria. Ao fim do ato, integrantes do Movimento Brasil Livre declararam-se contrários à intervenção militar e disseram que essas mensagens “não representavam o MBL”. A fala foi vaiada por parte dos manifestantes.
  • O aposentado Anacleto Chamano, de 68 anos, participou pela segunda vez das manifestações. Ele carregava a “mala do petrolão”,em alusão às denúncias de desvio de dinheiro na Petrobras. “Dizem que político é tudo igual, mas Getúlio Vargas criou a Petrobras e o PT acabou com ela”, disse.
  • Centenas de crianças participaram dos protestos com seus pais. A presença de famílias inteiras marcou as duas edições das manifestações em Curitiba. Em alguns grupos, até os animais de estimação estavam à caráter.
  • “Nossa bandeira jamais será vermelha!” era um dos gritos de guerra mais evocados pelos organizadores do ato.
  • Caricaturas também foram utilizadas nos cartazes. O bom humor caracterizou a expressão de indignação dos participantes.
  • Foram muitas as manifestações contrárias ao “bolivarianismo” e à “ditadura socialista”. Movimentos organizadores do ato fizeram duras críticas às relações políticas entre Brasil e países como Venezuela e Cuba. Eles acusam o governo federal de tentar implantar o modelo socialista no país.
  • “Fora Dilma” e “Fora PT” foram os gritos de guerra oficiais da manifestação.
  • Entre as reivindicações dos manifestantes estavam o fim da reeleição e o fim dos altíssimos salários e benefícios concedidos a parlamentares e membros do Judiciário e Legislativo.
  • Para inglês ver: manifestantes criticaram a leniência e a ineficiência do Poder Judiciário.
  • Apesar de pedirem pela saída de Dilma, a maioria dos manifestantes acredita que o melhor caminho seria a renúncia, e não o impeachment.
  • Manifestante deixa claro: renúncia ou impeachment, pode ser; intervenção militar, nunca mais.
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