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Caron: demissão após denúncia de que construiu casas com dinheiro de estrada | Marcelo Camargo/Folhapress
Caron: demissão após denúncia de que construiu casas com dinheiro de estrada| Foto: Marcelo Camargo/Folhapress

Construção de casas foi estopim de nova exoneração

Mesmo saindo do governo, o ex-diretor de Infraestrutura Rodoviária do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Hideraldo Caron, negou ontem qualquer ilegalidade na liberação de verbas da autarquia para a construção de casas para as famílias que serão removidas do trajeto da BR-448, conhecida como Rodovia do Parque. A denúncia, publicada no jornal O Estado de S. Paulo de ontem, foi o estopim da demissão de Caron.

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O Planalto deu ontem um importante passo para tentar encerrar de uma vez por toda a crise nos Transportes. Decidiu "cortar na própria carne" e forçou o diretor de infraestrutura rodoviária do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), o petista Hideraldo Caron, a pedir demissão do cargo.

A demissão de Caron foi apressada com a divulgação de uma denúncia contra ele publicada na edição de ontem do jornal O Estado de S.Paulo (leia mais na reportagem ao lado). A saída de Caron era dada como quase certa porque a presidente Dilma Rousseff estaria disposta a mostrar que pode demitir até mesmo petistas para combater problemas nos ministérios. A exoneração dele seria uma forma de mostrar que a limpeza nos Transportes não é uma perseguição ao Partido da República (PR), que comandava os principais órgãos do ministério. Com isso, Dilma espera acalmar a base aliada, que já falava em assinar uma CPI para investigar a pasta.

Declarações da ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, ontem em Curitiba, corroboram a percepção de que a demissão seria a tentativa de acabar com a crise. Gleisi disse que, com a exoneração de Caron, o governo espera recuperar a normalidade no Planalto. Gleisi negou ainda que a limpeza que Dilma está fazendo nos Transportes vai se estender a outros ministérios – o que causava calafrios na base aliada. Rumores davam conta de que as pastas atingidas podiam ser a do Turismo (comandada pelo PMDB), Cidades (do PP) e Trabalho (PDT).

Exagero

Único integrante do PT que fazia parte da cúpula do Dnit, órgão que está no centro da crise do Ministério dos Transportes, Caron afirmou que a presidente Dilma Rousseff exagerou na "faxina" que está fazendo na pasta ao demitir uma série de dirigentes – embora tenha afirmado que pediu exoneração para facilitar as mudanças e que sai do governo sem "sem ressentimentos ou desilusões".

"Acho que não precisava [sair tanta gente]", disse Caron, durante entrevista no Dnit, em Brasília. "Um diretor decide muito pouco individualmente, dentro de um processo", complementou. Até agora, 16 pessoas foram exoneradas – a maior parte é ligada ao PR.

Caron afirmou que está saindo por "circunstâncias políticas", mas negou que tenha ressentimento da presidente ou de lideranças petistas. "Vou me afastar para que a presidente tenha condições de reformular [o ministério]."

Ele afirmou ainda que não teve qualquer envolvimento com irregularidades e afirmou que o Dnit passou por auditorias "duríssimas". Ele ainda elogiou o órgão. "O Dnit melhorou muito. Com o volume de obras que temos, o nível de irregularidades que tivemos é muito pequeno e isso é uma conquista de todos os nossos funcionários", disse Caron.

O diretor do Dnit atribuiu o volume de irregularidades apontadas por órgãos de controle ao fato de o órgão ser responsável pela execução da maior parte das obras do governo federal. Caron afirmou que "nenhum sistema" está imune a algum tipo de desvio ou execução incorreta. E destacou que o número de obras do órgão que estão tendo o repasse suspenso tem reduzido nos últimos anos.

Caron anunciou ainda que só pediu demissão após concluir um trabalho pedido pela própria Dilma: reduzir de R$ 72 bilhões para algo em torno de R$ 58 bilhões a R$ 60 bilhões o valor estimado de investimentos em rodovias pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). O diretor afirma que foi a própria presidente quem pediu a redução, com a justificativa de que não teria como pagar o valor orçado pelo órgão.

A saída de Caron do cargo, apesar do anúncio da demissão, não será imediata. Segundo ele, haverá um período de "transição" de alguns dias para que um novo diretor tome pé da situação do órgão.

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