• Carregando...

A candidatura do tucano Gustavo Fruet (PSDB-PR), lançada terça-feira pela chamada terceira via , deu fôlego novo à corrida pela presidência da Câmara e, segundo analistas ouvidos pelo GLOBO ONLINE, deve levar a disputa para o segundo turno. É hora de os candidatos da base governista - Aldo Rebelo (PCdoB-SP), que tenta reeleição, e Arlindo Chinaglia (PT-SP) - reverem suas estratégias para não acabarem atropelados pela candidatura retardatária do tucano. Segundo os especialistas, o risco de um novo "efeito Severino" é pequeno, mas nenhum resultado pode ser descartado.

- A candidatura do Fruet foi para forçar o segundo turno. Foi o mesmo caso da eleição do Severino, que acabou eleito. Mas, dessa vez, acho difícil que dê Fruet. A oposição está mais enfraquecida, não tem quantidade de voto, nem há dissidências grandes, nem no PMDB e no PT, capazes de levar um candidato independente à presidência da Câmara - avalia o cientista político Otaciano Nogueira, da UnB.

Gaudêncio Torquato, da USP, concorda:

- É possível que candidatura de Fruet cresça, ele tem a opinião pública a seu favor, mas não ao nível de vitória. Tudo vai depender da sua capacidade de mobilizar apoios. Por outro lado, o governo fará tudo que estiver a seu alcance para evitar que a oposição ganhe fôlego - analisa.

Para o especialista, a candidatura da terceira via equilibra a disputa, que até o momento tinha Chinaglia despontando como favorito - com o apoio de parte do PMDB, do PSDB e do PT. Com Fruet no páreo, os tucanos recuaram e retiraram a adesão ao petista .

- Com os partidos mais dispersos, a eleição deve ir para o segundo turno, não há como um conseguir 257 votos. Num segundo turno, o jogo será mais pesado. Essa jogada da terceira via dá equilibro de forças à situação. Se estava condenado a perder, Aldo se recupera muito com essa jogada. Se o favorito hoje é Chinaglia, é possível que Aldo obtenha os votos deste grupo independente num segundo turno. O quadro é instável - acredita Torquato.

Neste contexto, a comentarista política Lúcia Hipólito lembra que Chinaglia deve evitar a todo custo ir para o segundo turno. Para isso, tem que ampliar sua campanha por votos.

- A candidatura de Fruet interessa à estratégia dos dois outros candidatos. Chinaglia quer evitar a todo o custo segundo turno, que é sempre um mistério, como visto na eleição de Severino. Ele vai continuar investindo no apoio do PSDB e tentar aumentar seus apoios no PMDB. Para Aldo, ao contrário, é importante empurrar para o segundo turno. Ele acha que quem votará em Fruet, votará nele - afirmou a comentarista à Rádio CBN.

Ainda na avaliação de Lúcia Hipólito, a candidatura de Fruet é "uma saída honrosa para o mico" protagonizado pelo líder tucano, Jutahy Magalhães (PSDB-BA), que liderou movimento de apoio a Chinaglia na semana passada.

- É uma saída honrosa para a trapalhada protagonizada pelo deputado Jutahy Júnior e também pelos governadores José serra e Aécio Neves (que anunciaram apoio a Chinaglia na semana passada). A reputação do partido já sofreu um dano. Foi um mico histórico, um papelão.

Torquato avalia que, se houver um segundo turno entre Chinaglia e Fruet, possibilidade remota para o analista, o tucano receberia os votos que couberam a Aldo no primeiro turno e seria eleito.

Otaciano Nogueira minimiza, no entanto, o peso dos tucanos num possível segundo turno. Ele lembra que pelo menos cinco deputados do Ceará se preparam para sair do PSDB e estão de malas prontas para entrar no PR, resultado da fusão do PL, Prona e PSC.

- O segundo turno depende é da posição que Lula vai adotar. O PSDB é uma bancada que já está dividida. Até lá, vão sair mais deputados, vai ficar mais enfraquecido - avalia representante da UnB.

Para Torquato, o Planalto errou ao interferir na disputa entre os candidatos da base governista.

- O governo vacilou muito interferir entre Aldo e Chinaglia, acabou favorecendo o Fruet.. Agora, o governo vai ter que tomar uma atitude - diz.

Segundo Nogueira, não há necessidade de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, se desgastar com a eleição no Legislativo. Na opinião do cientista político, o presidente já poderia dar a largada na tão esperada reforma ministerial.

- A última pesquisa Ibope mostra que 63% acham o governo bom ou ótimo. O presidente tem uma força incrível na mão, acaba de ser reeleger. Vai ter que governar com quem quer que seja (Aldo ou Chinaglia). Qualquer um dos dois está ótimo.

E conclui:

- Lula ainda não terminou o primeiro mandato e não começou o segundo. Está no limbo. Só vai começar depois da eleição na Câmara. Não precisava esperar. É que presidente não gosta de demitir ministro. Eles ficam constrangidos. Quem tem 63% de aprovação não perde. Pode fazer tudo.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]