
Sem a resistência que o PMDB ensaiou fazer, a Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) aprovou ontem a criação das "supersecretarias" de Infraestrutura e Logística e da Família e Desenvolvimento Social, propostas pelo governo Beto Richa (PSDB). As duas novas superpastas são ocupadas, desde janeiro, por José "Pepe" Richa Filho e Fernanda Richa, respectivamente irmão e esposa do governador.
Apenas 3 dos 12 deputados do PMDB, que preferiram se abster da votação, e os seis deputados do PT, que votaram contra a proposta, formaram a resistência à reforma administrativa promovida por Richa. No total, 38 deputados referendaram, em última votação, os projetos do governo que agora só dependem da sanção de Richa para entrar em vigor.
Peemedebistas governistas
A votação de ontem deu um forte indicativo de que o PMDB da Assembleia integrará a base de apoio do governo, embora Richa fosse de oposição ao ex-governador peemedebista Roberto Requião, que comandou o estado até o ano passado.
Antes da sessão, o líder do PMDB na Assembleia, deputado Caíto Quintana, anunciou que a bancada do partido se reuniu na noite anterior e decidiu que cada parlamentar poderia votar como quisesse. Caíto disse que se absteria da votação e afirmou acreditar que a maior parte dos 12 deputados do partido também faria o mesmo. A postura seria um alerta para o governo: "Não vamos votar contra o projeto, pois achamos que o governo tem a liberdade para escolher o modelo de gestão. Porém, entendemos que o modelo escolhido é ruim para o estado e ruim para o próprio governo", disse. Mas a previsão de Caíto não ocorreu: nove peemedebistas referendaram os projetos de Richa inclusive o presidente estadual do partido, Waldyr Pugliesi.
Caíto não participou da sessão, pois viajou a Brasília para uma reunião com a cúpula nacional do partido acompanhado do também deputado peemedebista Antonio Anibelli Neto, outro que se manifestou publicamente contra o projeto governista. Nereu Moura foi o único peemedebista a ficar no plenário que manifestou sua abstenção no painel eletrônico.
Debates acalorados
Se a proposta governista foi aprovada sem dificuldades, os debates no plenário foram mais acalorados do que o normal. O líder do governo, Ademar Traiano (PSDB), contestou as declarações do líder da oposição, deputado Enio Verri (PT), de que as supersecretarias concentrarão cerca de 80% do orçamento do governo.
Segundo Traiano, a nova Secretaria de Infraestrutura terá 1,52% da receita de investimentos do estado e não do orçamento, o equivalente a R$ 358 milhões em 2011. Já para a Secretaria da Família será destinado 0,87% ou R$ 204 milhões em investimentos.
"O deputado Verri foi secretário do Planejamento e é economista, mas sua matemática está equivocada. Ele não poderia ter falado que 80% do estado ficariam vinculados às duas secretarias. Foi uma informação distorcida", disse o líder do governo.
O líder da oposição assumiu o erro, corrigindo que as pastas acumulam 80% da capacidade de investimento do estado e não do orçamento. Apesar disso, ele criticou a proposta. "Não estamos discutindo o modelo de gestão, que é um retocesso político", disse.
Outra discussão que reapareceu foi quanto ao nepotismo. Traiano comparou a participação familiar no governo tucano com a que ocorreu na gestão do ex-governador Roberto Requião (PMDB). "Nunca critiquei a ex-primeira dama, ou o secretário Maurício Requião. Diferente do Eduardo Requião que envergonhava o estado", disse Traiano.
A declaração foi rebatida por Tadeu Veneri (PT), que disse o atual nepotismo é o mesmo do governo anterior. A diferença, disse Veneri, é que agora os ex-oposicionistas o defendem.




