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Os membros da Comissão Nacional da Verdade declaram na tarde desta segunda-feira (22) que consideram "insuficiente" a resposta dos militares sobre os desaparecimentos, torturas e mortes durante a ditadura. Na sexta (19), as Forças Armadas admitiram, pela primeira vez, a ocorrência de violação de direitos humanos no período e não negam a responsabilidade do Estado pelos atos.

Na ocasião, a declaração foi dada em ofício enviado a comissão pelo ministro da Defesa, Celso Amorim. O grupo diz que apesar do "gesto positivo" do ministro e dos militares, "é importante que as Forças Armadas reconheçam que houve violações graves de direitos humanos em instalações militares". "Ficar na não negação é insuficiente e não convence diante de tudo que já foi apurado, ainda mais agora às vésperas da entrega do relatório da Comissão Nacional da Verdade, previsto para o dia 16 de dezembro", disse Paulo Sérgio Pinheiro, membro da comissão, em entrevista coletiva no Arquivo Nacional, no centro do Rio.

A comissão deve enviar nesta terça-feira (23) um ofício ao ministro da Defesa solicitando uma reunião com o Celso Amorim e comandantes militares. "A proposta é dialogar sobre a finalização dos trabalhos da Comissão da Verdade para que a mesma seja contemplada com esse reconhecimento das graves violações de direitos humanos por parte das Forças Armadas", disse Pedro Dallari, coordenador da comissão. "Nós reconhecemos a colaboração deles, mas ela ainda é insuficiente, principalmente no que diz respeito a localização dos corpos das pessoas desaparecidas", acrescentou. No total, cerca de 140 pessoas desapareceram desde a época da ditadura.

"Essa resposta é uma evolução importante. Por isso não desvalorizo a perspectiva de que nós ainda possamos avançar no período da comissão, mas é claro que se as folhas de alteração tivessem sido recebidas antes nós teríamos melhores condições para concluir o relatório. De qualquer maneira, nós conseguiremos produzir um documento importante para ajudar a esclarecer os fatos", afirmou.

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