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Em depoimento à CPI dos Correios nesta quinta-feira, Carlos Roberto Godinho, ex-superintendente do Rural, confirmou que os empréstimos contraídos pelas agências SMP&B e a Graffiti, assim como pelo PT, "foram feitos para não serem pagos", confirmando o que já havia dito à revista "Época". Com base no depoimento, a CPI vai investigar se o Banco Central foi negligente ao promover uma inspeção no Banco Rural entre setembro de 2004 e agosto deste ano.

Segundo Godinho, a movimentação financeira das empresas de Marcos Valério era de dez a 15 vezes superior ao faturamento declarado e isso poderia ter sido facilmente constatado pelo BC. Godinho acabou aderindo a um Plano de Demissão Voluntária (PDV), depois que tentou incluir essas irregularidades em relatórios semestrais de compliance, cujo objetivo é justamente acompanhar as operações de crédito da instituição e detectar indícios de lavagem de dinheiro.

- Vamos requisitar cópia de todas as inspeções feitas pelo Banco Central junto ao Rural. Não podemos ficar só com a palavra do depoente. Temos de checar também a conduta do Banco Central - anunciou o relator da CPI, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), descartando, por enquanto, a possibilidade de convocar diretores do BC.

Para o senador Álvaro Dias (PSDB-PR), não há como inocentar o Banco Central neste caso:

- Esse depoimento comprova que o valerioduto só existe porque houve complacência dos dirigentes monetários do país, ou seja, do Banco Central.

Mesmo sem ter documentos para comprovar as suspeitas levantadas em seu depoimento, Godinho garantiu que o BC poderia ter detectado, muito antes da instalação da CPI dos Correios, irregularidades na movimentação financeira das empresas de Marcos Valério.

- A fiscalização realizada pelo Banco Central foi muito rigorosa. O que me surpreende é o resultado. Os relatórios do Banco Central também não abordaram nenhuma irregularidade sobre a SMP&B e o PT. Todas as informações que eles pediram foram repassadas. Eles tinham condições de levantar todas as irregularidades - afirmou Godinho, que está sendo processado pela presidente do Banco Rural, Kátia Rabelo, e dois diretores da instituição.

Por ordem judicial, Godinho também está proibido de dar entrevistas à imprensa. Mas no seu depoimento à CPI, ele revelou que as primeiras suspeitas de irregularidades em relação à SMP&B e à Graffiti surgiram a partir das renovações sistemáticas dos dois empréstimos contraídos pelas empresas no Banco Rural. Um de R$ 18,9 milhões em 19 de março de 2003 e outro de R$ 9,9 milhões em 28 de janeiro de 2004.

- Os empréstimos eram renovados, sem que fosse feita qualquer amortização, mesmo as empresas tendo dinheiro para saldar a dívida. Além disso, o banco continua pagando a SMP&B pela prestação de serviços de publicidade - contou Godinho.

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