
Com 36 anos, o deputado federal Leonardo Picciani (PMDB-RJ) se tornou um dos aliados mais poderosos da presidente Dilma Rousseff (PT) na Câmara. Na última quarta-feira (17), ele foi eleito líder do PMDB na Câmara. Com isso, será o responsável por indicar os peemedebistas da comissão do impeachment e por coordenar a bancada na votação de projetos de interesse do governo. Sua eleição foi considerada uma batalha vencida pelo Planalto.
Apesar de jovem, ele já é veterano em Brasília: foi eleito deputado com apenas 23 anos, e lá está desde então. O sucesso na carreira política está muito ligado à sua família. Seu pai, Jorge Picciani, é uma das principais lideranças do PMDB do Rio de Janeiro. Apesar de ser pouco conhecido no resto do país, é considerado mais influente no diretório fluminense do partido que o presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) ou o prefeito do Rio, Eduardo Paes. Ele também é pecuarista.
Ex-aliado de Cunha, líder do PMDB “virou a casaca” após emplacar ministros
Do lado do governo, a aliança com Picciani foi fundamental para solidificar a aliança com o PMDB do Rio de Janeiro. Entretanto, essa aliança pode trazer problemas para a presidente, uma vez que o deputado e sua família estiveram envolvidos em diversas polêmicas desde que entraram para a política.
Em novembro de 2015, reportagem da Folha de S. Paulo mostrou que o líder do PMDB na Câmara é sócio de empresa Tamoio, que fornece brita para obras das Olimpíadas de 2016. São sócios também da empresa seu pai e seu irmão, o secretário municipal de Transportes do Rio de Janeiro, Rafael Picciani.
Já em abril de 2015, reportagem da revista Época mostrou que 49% das ações da Tamoio foram compradas, em 2012, de um sócio da empresa que estava morto havia um ano e meio – Jorge confirmou a transação, mas disse que esse detalhe foi um “erro” do contador da empresa. Após a compra da empresa, em 2011, Leonardo e Rafael quintuplicaram seu patrimônio. A Tamoio é avaliada em R$ 70 milhões.
Essa mesma empresa é responsável por fornecer brita a obras como a do Parque Olímpico e da via expressa Transolímpica. Ambas são parcerias público-privadas envolvendo a prefeitura do Rio, comandada por Paes, aliado dos Picciani. A família sustenta que não há ilegalidade, uma vez que os fornecedores são contratados pelos consórcios responsáveis pelas obras, e não pela prefeitura.
Trabalho escravo
Em 2003, 39 trabalhadores em situação de escravidão foram encontrados em uma fazenda da empresa Agrovás, de propriedade da família, no Mato Grosso. À época, Jorge negou ter conhecimento da situação, e culpou dois empreiteiros responsáveis por construir cercas no local. Entretanto, um gerente da empresa disse que ele visitava a área frequentemente e tinha conhecimento da situação. Em 2004, ele fez um acordo com o Ministério Público do Trabalho (MPT) e se comprometeu a pagar R$ 250 mil em indenizações.



