Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
tese da separação

Condenação de uma pessoa influiria na de outra, diz Temer sobre contas no TSE

“Serei obediente às decisões do Judiciário”, afirmou, acrescentando porém que “tenho de pensar nos meus direitos” e defender a “tese da separação de contas” da presidente e do vice

Temer tira fotos durante a entrevista nesta sexta-feira (24) | Marcos Corrêa/PR/
Temer tira fotos durante a entrevista nesta sexta-feira (24) (Foto: Marcos Corrêa/PR/)

Em entrevista a cinco jornais do país, nesta sexta-feira (24), o presidente interino Michel Temer (PMDB) disse que respeitaria uma eventual decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pela cassação da chapa completa, formada por ele, como vice-presidente, e pela presidente afastada Dilma Rousseff (PT), que venceu as eleições presidenciais de 2014.

“Serei obediente às decisões do Judiciário”, afirmou, acrescentando porém que “tenho de pensar nos meus direitos” e defender a “tese da separação de contas” da presidente e do vice.

“Seria o única caso [falando na hipótese de cassação da chapa completa] em que a condenação de alguém importa na condenação de outrem”, disse ele.

Política externa

Sobre a decisão do Reino Unido de deixar a União Europeia, Temer afirmou que politicamente não afeta o Brasil e que, do ponto de vista econômico, será preciso avaliar nos próximos dias.

Questionado se a decisão poderia refletir também no Mercosul, com a dissolução do bloco sul-americano, Temer disse que “não há nenhuma cogitação” de sair do Mercosul, mas defendeu mudança de suas regras.

“Uma das ideias é criar a possibilidade maior para os países contratantes de fazer ações individualizadas”, disse, numa referência à defesa de que os países do bloco possam negociar acordos bilaterais. Temer disse, inclusive, que a mudança pode atingir a tarifa comum de exportação e importação do bloco.

Sobre a Venezuela, o presidente interino disse que não daria palpite sobre questões internas do vizinho, mas ressaltou que não deixará sem resposta qualquer ataque vindo daquele país. Lembrou a “resposta dura” dada por sua equipe às acusações do governo venezuelano de que houve um golpe no Brasil com o afastamento da presidente Dilma Rousseff.

Durante a entrevista, o peemedebista adiantou que está defendendo, por sinal, um adiamento da reunião, prevista para julho, em que a Venezuela assumiria a presidência do Mercosul.

“Não foi marcada ainda, mas postula-se um adiamento, acho melhor adiar um pouquinho”, disse.

Venda de terras para estrangeiros, Previdência, Machado e Cunha

Na conversa com Folha de S.Paulo, O Estado de S. Paulo, O Globo, Valor Econômico e Correio Braziliense, o presidente confirmou que avalia a liberação de venda de terras brasileiras para estrangeiros. “Não tem preconceito em relação a isso. Ninguém vai levar a terra para fora do país, mas ainda estamos examinado, não há decisão tomada.” O presidente também sinalizou que deve sancionar a lei que permite que companhias estrangeiras detenham 100% do capital de empresas aéreas no país.

Sobre a reforma da Previdência, Temer voltou a defender a fixação de uma idade mínima para aposentadoria, mas disse que é favorável a uma pequena diferença de idade para obtenção do benefício entre homens e mulheres. “Isso eu acho razoável, ter uma diferença relativa, mas vamos definir isso ainda”, lembrando que as mulheres costumam ter dupla jornada.

Temer defendeu ainda, durante a entrevista que ocorreu no Planalto, a reforma política e disse que tem conversado com Eduardo Cunha -a ultima, segundo ele, foi há três semanas- sobre o “caso dramático dele”, mas evitou fazer avaliações sobre o futuro do colega de partido.

Temer voltou a dizer que não se recorda de ter encontrado com Sérgio Machado e destacou que não precisava da intermediação do ex-presidente da Transpetro para levantar recursos para campanhas. “Eu não precisava da intermediação deste senhor, conheço muitos empresários, poderia pedir diretamente”.

A tese do golpe e prisão de Paulo Bernardo

O presidente interino comentou ainda o fato de a presidente Dilma classificar seu afastamento de golpe. “Golpe é uma ruptura da Constituição”, disse ele, acrescentando que o texto constitucional foi respeitado. Em seguida, ao comentar a defesa do PT de fazer uma nova eleição ainda neste ano para presidente, afirmou: “Fazer uma eleição agora é romper com a Constituição”.

Questionado se isto também poderia ser considerado golpe, preferiu dizer: “Tu o disseste”.

Indagado se uma das causas do afastamento da presidente era o fato de ela não dar atenção ao Congresso e às negociações políticas, o presidente interino disse que “posso dizer que o diálogo é fundamental, porque, num estado democrático, você tem de exercer a atividade executiva amparada no Legislativo”.

Numa crítica indireta à presidente, afirmou que qualquer “outra visão [em relação a esta] é uma visão autoritária, despreza o Congresso e, se você quiser ir além, critica o Judiciário”.

Ao final da entrevista, que durou cerca de uma hora, o presidente disse “lamentar muito” a prisão do ex-ministro Paulo Bernardo pela “questão do drama humano”. Temer disse que “sempre teve uma ótima relação com ele [Paulo Bernardo]”, acrescentando que não sabia o que havia determinado sua prisão.

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.