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A guerra entre traficantes, milícias e a Polícia Militar na favela da Cidade Alta, no bairro de Cordovil, na Zona Norte, tem mais duas vítimas. No final da noite de domingo, um soldado da PM, Moisés da Silva Coelho, de 26 anos, foi seqüestrado e assassinado por bandidos quando abastecia o carro, um Monza, na Rua Porto Velho, próximo a um dos acessos da favela. O primo dele, de 37 anos, para salvar a vida pulou do carro em movimento. O corpo do PM foi encontrado pouco depois na Avenida Brasil. Também em Cordovil, um corpo foi encontrado carbonizado no porta-malas de um Peugeot de cor prata próximo à estação de trem. Este poderia ser o de um motoboy que está desaparecido desde a invasão realizada pela milícia na madrugada de sábado. Com isso, já são três os mortos da guerra na Cidade Alta, dois dos quais PMs. O ataque à milícia, que tomou o local, foi tramado por bandidos da Vila Cruzeiro, do Morro da Mangueira e do Morro do Sereno, que passaram a madrugada de domingo roubando carros. Dois homens ainda estariam desaparecidos na Cidade Alta.

No Morro do Barbante, na Ilha do Governador, a PM mantém o policiamento reforçado nos acessos para evitar nova tentativa de invasão de bandidos, que tentaram retomar os pontos de vendas de drogas que foram fechados pela milícia que os expulsaram no ano passado. No confronto da noite de sábado quatro pessoas morreram: dois PMs, um morador e um bandido.

A Polícia Militar ocupou as favelas do Barbante e Vila Juaniza, no domingo, informou o comandante do 17º BPM, coronel Célio da Cunha Pedrosa. Ele disse que traficantes liderados por Marcelo PQD tentaram invadir os morros e houve tiroteio, na noite do sábado. Os bandidos não teriam conseguido deixar a Ilha e, para prender os traficantes, a polícia fez uma blitz na saída do bairro. Por volta das 11h deste domingo, os motoristas enfrentavam longo congestionamento na Estrada do Galeão.

Há a informação ainda de que alguns traficantes teriam tentado fugir a pé pela mata. Um helicóptero também sobrevoou a área para tentar achá-los, durante a manhã. No confronto na Ilha morreram os policiais militares José Carlos Gonçalves, sargento, e Carlos Henrique Lessa Ferreira, soldado, o traficante Enypson Gomes da Silva, o PCC, e José Afrânio Deplan, morador do local. Os policiais militares mortos atuariam em milícias. Ficaram feridos ainda Ciel Brandão Martins, morador que permanece internado no Hospital Salgado Filho, e o soldado PM Flávio Augusto da Silveira, que estava em operação pelo 17º BPM e foi ferido no braço esquerdo.

Criança é uma das vítimas

Na Cidade Alta, em Cordovil, os moradores acordaram na manhã deste domingo com a troca de tiros entre bandidos. Os traficantes teriam tentado entrar na região para retirar milícias de várias comunidades que invadiram a região no sábado. Policiais 16º BPM (Olaria), responsável pelo patrulhamento da área, foram para o local. Nove pessoas foram feridas no confronto, entre elas Rafael Silva de Oliveira, de 11 anos. O sargento Alex Sarmento Mendes foi baleado no olho direito durante a troca de tiros na manhã do domingo. Ele foi levado para o Hospital Getúlio Vargas, na Penha, mas não resistiu ao ferimento e morreu à tarde. Três das vítimas seriam moradores que trabalhavam em uma feira na Cidade Alta.

Na madrugada do sábado, grupos armados da Praia de Ramos e de favelas de Jacarepaguá teriam se unido para tomar a Cidade Alta. Segundo pessoas da comunidade, antes da entrada dos milicianos - um grupo de cerca de cem homens encapuzados - um Caveirão abriu caminho para a invasão. Os traficantes teriam fugido. Dali haviam saído os bandidos que, às vésperas do réveillon, queimaram oito pessoas dentro de um ônibus.

Durante a invasão, o cantor Elymar Santos fazia show na quadra do Bloco da Barriga, que fica próximo ao Destacamento de Patrulhamento Ostensivo. Os milicianos teriam se concentrado bem próximos à cabine policial. Por causa da confusão, o cantor interrompeu a apresentação. Mas depois da intervenção do presidente do bloco, Elymar voltou ao palco.

O clima ficou tenso durante toda a madrugada. Já na manhã de ontem, a ordem era que o transporte de Kombis na favela fosse interrompido e que o comércio da região só abrisse as portas depois do meio-dia. Até o sábado, o 16º BPM não confirmava qualquer anormalidade na comunidade.

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