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São Paulo - Pelo menos quatro parlamentares, além de José Eduardo Cardozo (PT-SP), já desistiram de disputar a reeleição este ano. Eles vão dispensar seus salários de R$ 16,5 mil ao mês, suas verbas indenizatórias de R$ 15 mil e as cotas de passagens aéreas para voltar à vida sem mandato, a qual alguns não sentem na pele há mais de 30 anos. Alegam que o custo de campanhas está muito alto e criticam a criminalização da atividade política.

O deputado Ibsen Pinheiro (PMDB-RS), no holofote por causa da emenda que redistribui royalties, é um deles. Depois de 16 anos no Congresso e 33 desde sua es­­­treia na política como vereador, em Porto Alegre, passou a criticar a "criminalização da atividade pública" e disse que não irá se submeter ao fi­­­nan­­­­ciamento privado de campanha. "A metade dos deputados não volta para o Congresso e a outra metade vai ter de arrumar advogado para se defender", afirmou.

Procurador de Justiça aposentado, Ibsen deve voltar à advocacia. Brinca ao dizer que colocou o partido na parede e pediu um cargo majoritário que não precisasse buscar doações de campanha ou nada. A resposta foi nada. "Não admito o patamar a que chegou o sistema político eleitoral. Eu me recuso a pedir dinheiro para empreiteiras", afirmou.

Já o deputado Fernando Co­­­ruja (PPS-SC) avisou que deixará o cargo após três mandatos porque se sente "inútil". "Não estou desmotivado nem cansado. Eu acho que a ação parlamentar está muito desimportante", disse, criticando o excesso de medidas provisórias do Executivo. "E o que piorou também é que os trambiques no Congresso aumentaram", enfatizou.

Para Coruja, ser caracterizado como político virou um fardo. "Tem de ter uma reforma política. Hoje a gente não decide, não influencia, é mal visto e tem pouco prazer na atividade. O debate político hoje no Congresso é o mais fraco do mundo", avaliou.

Mesmo assim, o parlamentar não dispensará a vida política. Diz que continuará participando das ações do partido em seu estado de origem, Santa Ca­­tarina, e que deve apoiar a campanha à Presidência do ex-governador de São Paulo, José Serra (PSDB). E continuará a atender seus pacientes, como de praxe. "Nunca deixei a me­­­dicina", disse.

O deputado Roberto Ma­­­galhães (DEM-PE), 16 anos de Con­­­gresso, mais de 40 na vida pública, também afirma que o motivo de sua desistência é o abuso do poder financeiro em campanhas e a interpretação ju­­­rídica de regras eleitorais. Seu primeiro mandato foi de vice-governador de Pernambuco em 1979. Foi prefeito do Recife e chegou a governar o estado em 1986. Hoje é também crítico do sistema eleitoral.

O único senador a desistir publicamente da reeleição até agora é Sérgio Zambiasi (PTB-RS). Ele deixa o cargo após um mandato na Casa. Já Pedro Simon (PMDB-RS) também disse que vai se aposentar, mas não definiu a data (ele tem mandato até 2015).

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