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Recuo

Conselho de Ética adia votação do processo contra Renan

Sob risco de derrota no Conselho de Ética, presidente do Senado aceitou adiamento. Com isso, votação de relatório do processo ficará para terça-feira (19)

O Conselho de Ética do Senado adiou a votação do relatório que pede o arquivamento do processo contra o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).

Ele é acusado de ter recebido apoio financeiro de um lobista para pagar pensão à jornalista Mônica Veloso, com quem tem uma filha de três anos.

Com medo de perder a votação, Renan não quis arriscar, cedeu à oposição e liberou seus aliados a aceitarem o adiamento.

Cafeteira aceita

O relator do processo, Epitácio Cafeteira (PTB-MA), resistiu à proposta e chegou a criar um impasse no Conselho de Ética. Alegou que ficaria desmoralizado com o adiamento da votação.

Os colegas fizem um apelo a Cafeteira. Depois de bater o pé, o senador aceitou o adiamento. Disse que recebeu um telefonema da mulher. Segundo ele, o próprio Renan teria telefonado para ela a fim de que o convencesse a aceitar o adiamento. "Estou atendendo a um apelo de minha mulher", afirmou.

A votação do relatório deve ocorrer somente na semana que vem, provavelmente na terça-feira (19), após perícia em cima dos novos documentos apresentados por Renan para rebater reportagem do Jornal Nacional desta quinta-feira (14).

A reportagem mostra divergências nos recibos de rendimentos rurais apresentados pelo presidente do Senado para comprovar a origem do dinheiro da pensão.

A solicitação de adiamento foi feita pelo líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR), a pedido de Renan, durante a sessão do conselho.

Segundo Jucá, Renan propôs até a convocação do lobista Cláudio Gontijo, da empreiteira Mendes Júnior, que seria o intermediário entre ele e Mônica Veloso.

A postura do presidente do Senado em recuar e propor o adiamento ocorreu depois de ele perceber o risco de não conseguir aprovar o relatório de Cafeteira.

A oposição, que apresentou relatórios paralelos para continuar as investigações, torcia para reverter o cenário nesta sexta.

Com um placar apertado a seu favor, o presidente do Senado temia, por exemplo, perder os votos dos aliados Eduardo Suplicy (PT-SP) e Renato Casagrante (PSB-ES), que sinalizaram nesta manhã a possibilidade de ficarem ao lado da oposição.

Além disso, Renan não contava com o corregedor do Senado, Romeu Tuma (DEM-SP), que não compareceu à reunião do Conselho de Ética alegando motivos de saúde.

Encontros secretos

O clima foi tenso no Senado desde o início da manhã desta sexta. Renan reuniu-se cedo com senadores aliados no gabinete da líder do PT, Ideli Salvatti (SC).

Logo depois, o presidente do Senado recebeu integrantes do Conselho de Ética em seu gabinete para um encontro reservado, inclusive Cafeteira, que reafirmou que não mudaria seu relatório.

A visita de Cafeteira, relator do processo, provocou revolta em alguns integrantes do Conselho de Ética. A todos, Renan mostrou documentos para tentar refutar a reportagem do Jornal Nacional.

Renan ainda procurou os senadores da oposição, contrários ao arquivamento do processo.

Os líderes do Democratas, José Agripino (RN), e do PSDB, Arthur Virgilio (AM), não disfarçaram o contrangimento de um encontro reservado com Renan a poucos minutos da reunião do Conselho de Ética.

A conversa a portas fechadas ocorreu no gabinete do tucano Marconi Perillo (PSDB-GO). "Não sou líder estudantil. Como iria dizer para o Renan não entrar?", disse Arthur Virgilio.

A oposição, porém, não se convenceu e manteve a posição de aprovar um relatório que pede a continuidade das investigações. "Não muda nada", afirmou Agripino.

O presidente do Senado negou que tenha feito pressão aos colegas. "Não quero formar cabeças, mas mostrar a verdade. Hoje, tive condições de esclarecer tudo", afirmou.

Em seu relatório paralelo, o senador Demóstenes Torres (DEM-SP) pede a manutenção do processo para poder chegar a um "juizo adequado" do caso.

"Somente a devida apuração dos fatos, com a oitiva das pessoas envolvidas e o periciamento das provas apresentadas pela defesa do presidente Renan Calheiros, possibilitará chegar a um juízo de valor adequado, elemento essencial à definição de rumo do procedimento", defendeu o senador.

Além dele, os senadores Jefferson Peres (PDT-AM) e Marconi Perillo apresentaram relatório semelhante.

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