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A posse de Luciano Ducci (PSB) como prefeito de Curitiba dará sequência ao comando do grupo político que se mantém no poder há 56 anos, desde a administração municipal de Ney Braga. Apesar de o PSB ser historicamente um partido de esquerda, Ducci deverá dar continuidade à política que sempre teve como principal bandeira tornar a capital do Paraná em um modelo de desenvolvimento para o país. A opinião é do professor da UFPR Ricardo Costa de Oliveira, que pesquisa o cenário político curitibano e paranaense há mais de 20 anos.

Desde 1954, quando ocorreu a primeira eleição direta para prefeito de Curitiba, o grupo político conservador e mais à direita que administra a capital só deixou o poder em três mandatos – de 1958 a 1961, com Iberê de Mattos (PTB); entre 1983 e 1985, com Maurício Fruet (PMDB); e de 1986 a 1988, com Roberto Requião (PMDB).

Agora, na avaliação de Oliveira, Ducci manterá os ideais defendidos nos últimos cinco anos pelo prefeito Beto Richa (PSDB). "O Ducci tem sido da linha auxiliar desse grupo político que está na prefeitura. Ele representa uma linha de continuidade ao Richa, dentro de determinadas condições do PSB", afirma. "Ele teve um papel importante na gestão do Beto. Tanto que esse papel o habilitou a permanecer como vice quando muitos já imaginavam a potencial de saída do Beto desde a eleição de 2008."

Oliveira acredita ainda que Ducci ganhará importância política ao assumir a prefeitura e terá um papel importante na sucessão estadual – o que reforça a expectativa de que ele dará continuidade aos projetos da gestão Richa. "A prefeitura de Curitiba tem um orçamento muito grande, um conjunto de cargos comissionados e de inserções que sempre desempenham um papel político decisivo nas eleições gerais", explica o professor. Além disso, segundo Oliveira, há na administração municipal um grupo conhecido como "turma da patrola", que é formado por políticos e administradores que vêm ambicionando os cargos e o orçamento do governo estadual. "Esse grupo vem pressionando muito o Beto pela candidatura; e é claro que o Ducci endossa esse discurso, porque tem interesse em receber a prefeitura."

Para Carlos Luiz Strapazzon, professor de Ciência Política do Centro Universitário Curitiba (UniCuritiba), Ducci terá uma atuação discreta à frente da prefeitura, mas com o objetivo claro de buscar dividendos políticos no médio prazo. "O Ducci será prefeito por quase três anos e terá uma oportunidade de ouro para mostrar capacidade de governo como aliado do Beto, ainda mais se o Beto for eleito governador."

O único cenário em que os especialistas veem a possibilidade de Ducci introduzir mudanças significativas na prefeitura é se houver imposições da cúpula nacional do PSB, que está alinhada com a ministra petista Dilma Rousseff (PT), pré-candidata à Presidência. "Pode ser que haja mudanças em função desse rearranjo. Mas o Ducci é uma novidade quase que apenas do ponto de vista ideológico. Afinal, aqui no Paraná, o PSB vem sendo uma linha auxiliar do lernismo, sempre como aliado", aponta o professor Oliveira. (ELG)

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