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A Associação Nacional dos Controladores de Vôo contestou as afirmações da Aeronáutica de que a altitude do jato Legacy estava errada na hora do acidente com o Boeing da Gol, que aconteceu em setembro do ano passado. As 154 pessoas que estavam no avião da companhia aérea brasileira morreram.

As imagens registradas nos radares da Aeronáutica, que estavam sendo mantidas em sigilo desde o acidente, deram detalhes da pior tragédia da aviação brasileira. Uma reportagem do Jornal Nacional mostrou o momento exato em que o radar avisa que o jato Legacy deve mudar de altitude. Outra tela registra que o equipamento anticolisão estava desligado antes do acidente. No momento em que o Boeing é atingido, o Legacy está completamente fora do radar. Um traço verde indica a colisão e o sinal do jato reaparece pouco depois, quando o transponder volta a funcionar.

Segunda a Aeronáutica, a transferência do controle do Legacy para a torre de Manaus foi feita pelo telefone, em uma linha de uso exclusivo da Força Aérea - o que é um procedimento normal. Mas a altitude informada estava errada. Além disso, o controle de Brasília encerrou a comunicação sem saber se o Legacy havia recebido as novas instruções de vôo. "Interpretações diferentes"

O presidente da Associação Nacional dos Controladores, Wellington Rodrigues, contestou as informações da Aeronáutica e disse que as telas mostradas não são prova de que o sistema tenha feito qualquer tipo de alerta. Ele explica porque, na visão dele, as interpretações são tão diferentes. "Talvez por desconhecimento do próprio sistema, porque nós somos controladores do tráfego aéreo e as nossas chefias são oficiais aviadores. Eles não conhecem, na íntegra, o que cada ponto significa. Nós temos manuais que dizem realmente o que é cada item."

O chefe do centro de controle aéreo de Brasília, o Cindacta-1, Eduardo Raulino Santos, descartou falhas nos equipamentos. "Não houve falha nem de comunicação nem de visualização. No dia seguinte foram feitos testes, algumas aeronaves voaram. No mesmo dia tinham aeronaves voando próximas ao local do acidente que estavam sendo detectadas pelo radar secundário e estavam em comunicação direta com nosso centro de controle", afirmou.

O comandante Célio de Abreu Junior, especialista em segurança de vôo, disse que não é possível afirmar que tenha sido falha humana e não do equipamento. "Eu acho que a informação do radar isoladamente não nos fornece nada conclusivo. Temos de remontar o cenário do acidente para ver que influência teve a parte técnica e tecnológica. Falha humana é um dos fatores que podem ter contribuído, mas isoladamente não causaria o acidente", disse.

A empresa aérea Gol não quis se manifestar, assim como o advogado dos pilotos do Legacy, José Carlos Dias. Em abril, os advogados dos pilotos do Legacy produziram um relatório apontando que a principal causa do choque entre as aeronaves foi a falha do sistema de controle de tráfego aéreo.

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