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Dez anos depois do massacre de Eldorado do Carajás , o coronel acusado de comandar a operação, Mário Pantoja, falou sobre a ação que resultou na morte de 19 sem-terra. Pantoja foi condenado a 228 anos de prisão, mas ficou menos de um ano na cadeia e responde agora ao processo em liberdade. Em entrevista ao "Fantástico", ele se disse inocente e acusou seus superiores e o ex-governador do Pará, Almir Gabriel.

- A ordem para desobstruir a rodovia partiu do governador Almir Gabriel e foi recebida através do comandante-geral Fabiano Lopes. Por que pararam só em mim? Por que não foram até o coronel Fabiano Lopes, comandante-geral na época? Por que não foram ao secretário de Segurança Pública, Sette Câmara? Por que não foram ao governador Almir Gabriel? Só porque eu comandei a tropa de Marabá que pararam em mim e querem dizer que eu sou o culpado e responsável por tudo o que aconteceu? Não - defendeu-se.

O coronel diz ter alertado seus superiores que não tinha armas nem equipamentos adequados para desocupar a rodovia.

- Falei com o comandante-geral e disse a ele que a tropa não tinha condições nenhuma de realizar aquela missão Eu propus a eles naquela ocasião, naquele momento, que fosse mandada de Belém uma tropa especial, que na época nós tínhamos e temos até hoje. Mas ele, mesmo assim, me respondeu que não: não iria tropa especial nenhuma de Belém, porque o governador Almir Gabriel não iria mais gastar com o envio de tropas pagando fretamento de ônibus até o local dos acontecimentos. Isso podia ter sido evitado se o governador Almir Gabriel tivesse me ouvido, se o secretário Sette Câmara tivesse me ouvido e o comandante-geral também tivesse me ouvido. Sinto-me como um bode expiatório, arcando com uma responsabilidade, de uma culpa, que eu não tenho.

Indagado se não tinha nenhuma parcela de culpa no massacre, Pantoja respondeu:

- Não, não tenho culpa. Eu não tenho culpa porque não vi quem matou, não determinei que matasse alguém e não posso ser culpado.

O ex-governador Almir Gabriel, o ex-secretário de Segurança, Paulo Sette Câmara, e as outras pessoas citadas pelo coronel Pantoja foram procuradas pela equipe de reportagem do Bom Dia Brasil no Pará, mas não retornaram as ligações ou não quiseram gravar entrevista.

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