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O governador de Sergipe estava no segundo mandato | José Cruz/ABr/Arquivo
O governador de Sergipe estava no segundo mandato| Foto: José Cruz/ABr/Arquivo

Lula lamenta morte de um grande amigo, compadre e irmão

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que perdeu um "grande amigo, compadre e irmão" com a morte do governador de Sergipe, Marcelo Déda. Em nota divulgada no Instituto Lula, e assinada também pela dona Marisa Letícia, o ex-presidente exalta a trajetória política do governador.

O presidente do Congresso, senador Renan Calheiros também lamentou a "morte precoce" do governador. Em nota, Renan disse que Déda deixa "familiares, amigos e a população brasileira desolados".

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Dilma lamenta morte de Marcelo Déda

A presidente Dilma Rousseff lamentou, por meio do Twitter, a morte do governador de Sergipe, Marcelo Déda. Em três mensagens na rede social, a presidente diz que o petista "exerceu a política com P maiúsculo" e que "o Brasil e o estado de Sergipe perderam um grande homem".

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O corpo do governador licenciado de Sergipe, Marcelo Déda (PT), de 53 anos, chegou em Aracaju por volta das 17h desta segunda-feira (2) levado por um avião da Força Aérea Brasileira (FAB), e seguiu em carro aberto do Corpo de Bombeiros, para o Museu Palácio Olímpio Campos, onde será velado até esta terça (3). Ele estava em São Paulo internado no Hospital Sírio-Libanês para tratamento de um câncer no estômago. O governador em exercício, Jackson Barreto (PMDB) decretou luto e ponto facultativo nesta segunda e terça. Lideranças empresariais e representantes dos comerciários decidiram que o comércio em Aracaju funcionará na terça até às 14h. Mas abertura ou não das lojas vai depender de cada lojista. O corpo de Marcelo Déda será cremado nesta terça em Salvador, a pedido dele mesmo, segundo informações de sua assessoria.

O corpo do governador percorreu por mais de uma hora as ruas da cidade em carro aberto. Pétalas de flores foram jogadas por um helicóptero e centenas de militantes estão na porta do Palácio para homenageá-lo. A presidente Dilma Rousseff já desembarcou no aeroporto Santa Maria, em Aracaju, e em seguida irá para o Palácio de governo. Dilma está acompanhada de seis ministros. Entre eles, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo; da Educação, Aloizio Mercadante; do Desenvolvimento Social, Tereza Campello; da Secretaria de Comunicação Social, Helena Chagas; e do Gabinete de Segurança Institucional, general José Elito. Além deles, estão junto com a presidente Dilma o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, e o senador Wellington Dias (PT-PI).

A família do governador, mulher e os filhos, além do ex-senador José Eduardo Dutra, vieram num avião da FAB, cedido pela presidente Dilma Rousseff para levar o corpo de Déda de São Paulo para Aracaju. O ex-presidente Lula deve chegar à capital sergipana por volta das 20h (horário de Brasília). Lula estará acompanhado do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, além de Luiz Dulci e Paulo Okamotto, que trabalham no Instituto Lula.

Na praça Olímpio Campos, no centro de Aracaju, onde fica o Palácio Museu do mesmo nome, a Polícia Militar fez o gradeamento para que as pessoas possam formar fila para dar o último adeus ao governador sergipano, que nasceu no município de Simão Dias, a 90 quilômetros de Aracaju.

Na manhã desta segunda, diversas autoridades manifestaram pesar pela morte de Marcelo Déda, entre elas o ex-governador de Sergipe, Albano Franco. "Sergipe e o Brasil perdem um dos melhores homens públicos de sua história. Por sua competência, honradez e pelo amplo reconhecimento como um dos melhores oradores do país", destacou o ex-governador, por telefone, da sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), de onde também remeteu o sentimento de pesar de todos os seus dirigentes.

O senador Eduardo Amorim (PSC-SE) registrou, no plenário do Senado, requerimento que solicita a inserção em ata de voto de pesar pelo falecimento do governador do Estado de Sergipe, Marcelo Déda. O presidente do Tribunal de Justiça de Sergipe em exercício, o desembargador substituição, Desembargador Roberto da Fonseca Porto, manifestou profundo pesar pelo falecimento governador. Porto, que substitui interinamente o presidente Cláudio Déda (irmão do Marcelo Déda), disse que "Sergipe perde uma de suas lideranças mais expressivas".

Líderes petistas presentes no velório elogiaram sua conduta ética ao longo da carreira. "Déda conseguia fazer coisas para além da política" e " cultivava valores que em geral quem está muito na militância acaba esquecendo que é justamente a coisa do afeto da ética, muito refinado. Ele era muito cuidadoso", disse Gilberto Carvalho. Depois de lembrar que Déda foi um dos fundadores do PT, Gilberto comentou que Déda "morreu pobre, um sinal também dessa postura extremamente cuidadoso". E emendou: "ele vai na contramão da cultura política tradicional da política feita para fazer fortuna da política feita para se apropria do bem publico Para mim ele é referencia e era uma das melhores expressões dessa geração que conseguiu fazer política de uma maneira diferente".

Já o governador da Bahia, Jacques Wagner, destacou que Déda "era um código de ética de procedimento bom caratismo, um negócio que você não vê o tempo todo sobrando por aí. Parafraseando a presidente, com a perda com a perda o que nos resta é tomar o exemplo". Segundo o governador baiano, "Déda fez uma revolução, acho que fez muitas coisas nesses seis anos de governo. É uma perda para família para o povo brasileiro ,para o PT".

Pelo menos três governadores chegaram para o velório: do Ceará, Cid Gomes, da Bahia, Jacques Wagner, e do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral. Cid Gomes disse que "é uma perda lamentável, sem dúvida. O Déda era um líder do Nordeste. Ele era apontado sempre como uma pessoa de diálogo". Já Sérgio Cabral lembrou que Déda era "um entusiasta do Brasil, um apaixonado por Sergipe e pelo Rio de Janeiro". E emendou: "ele só não era perfeito porque não era vascaíno, era flamenguista Desfilamos juntos uma vez pela Mangueira e já passou o fim de semana lá em casa com o presidente Lula fazendo farra".

Numa rede social, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), lamentou a perda de Déda. Relatou ter visitado o petista há dez dias. "Mesmo debilitado, pediu para projetarmos o futuro. Isso demonstra o que era: guerreiro". Perfil

Casado duas vezes, o governador deixa quatro filhos. Advogado formado pela Universidade Federal de Sergipe, o político estava no segundo mandato. No seu lugar assumirá o vice-governador, Jackson Barreto, do PMDB.

Natural do município de Simão Dias, Déda milita na política desde a década de 70, nos movimentos secundaristas, quando conheceu o então dirigente sindical Luiz Inácio Lula da Silva. Militante do Partido dos Trabalhadores (PT), no início dos anos 1980, Marcelo Déda foi fundamental na consolidação da legenda no estado.

Em 1985, o PT decidiu lançar o nome de Déda para concorrer às eleições municipais de Aracaju, com o objetivo de se firmar como um partido nacional. Na época, com 25 anos e sem recursos para a campanha, o candidato fez todos os programas eleitorais gratuitos de televisão ao vivo e apenas com a bandeira do partido na parede do cenário, montado no Tribunal Regional Eleitoral (TRE).

"A lei me facultava fazer ao vivo, então eu ia cru, pregava uma bandeira com durex e estava pronto o cenário do ‘ao vivo’. Aquilo que era uma desvantagem virou uma vantagem porque me transformei no âncora do programa eleitoral", relatou o governador de Sergipe em sua página oficial na internet.


Na eleição municipal, mesmo com recursos para a confecção de 5 mil cartazes, Déda ficou em segundo lugar com quase 19 mil votos. Logo em seguida foi eleito deputado federal por Sergipe.

Um ano depois, ele foi eleito deputado estadual com mais de 32 mil votos. O revés eleitoral ocorreu em 1990, quando tentou se reeleger para uma das cadeiras da Assembleia Legislativa. Acusado de ter priorizado as atividades legislativas em detrimento dos movimentos sociais, Marcelo Déda obteve 10% dos 33 mil votos que o elegeram em 1986.

Em 1994, foi eleito para a Câmara dos Deputados e, em 2000, conquistou o primeiro mandato de prefeito de Aracaju referendado por 52,8% dos votos válidos. Reeleito em 2004, Déda começou a consolidar a trajetória política para a candidatura ao governo de Sergipe.

Em 2006, deixou a prefeitura de Aracaju para se candidatar ao comando do estado. Eleito em primeiro turno com 52% dos votos, Déda investiu em infraestrutura no interior do estado.

Em entrevista à Agência Brasil, durante a campanha à reeleição, Marcelo Déda disse que o foco de seu governo no segundo mandato – 2010 a 2014 – seria o combate à violência, o aprofundamento das políticas sociais e a continuidade das obras de infraestrutura iniciadas em 2006.

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