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O corregedor do Senado, Romeu Tuma (DEM-SP), anunciou neste sábado que vai abrir investigação preliminar para apurar se o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), estava espionando ilegalmente adversários políticos. O ex-senador Francisco Escórcio, assessor de Renan, negou qualquer envolvimento no suposto esquema. A denúncia foi antecipada pelo Blog do Noblat e publicada na edição desta semana da revista "Veja". Na mira dos arapongas estariam os senadores Demóstenes Torres (DEM-GO) e Marconi Perillo (PSDB-GO).

- Se for comprovada a denúncia, é intolerável espionagem contra um senador e inconcebível a violação da intimidade de qualquer pessoa. É assustadora a velocidade com que denúncias atingem o Senado. Todas devem ser apuradas com rigor - declarou Tuma, em visita ao Uruguai, referindo-se também a outra denúncia da "Veja", de que o senador Romero Jucá seria o controlador de duas emissoras por meio de laranjas.

Senadores de oposição dizem que esse não é um fato isolado. Para eles, é parte de uma estratégia que Renan estaria montando para chantagaer seus opositores. E se Renan não der explicações convincentes, o Democratas e o PSDB vão entrar com nova representação contra o presidente do Senado por quebra de decoro parlamentar, a quinta desde o início da crise.

- Renan pensa que é Deus. Ele acha que pode tudo, e está se utilizando gravemente da máquina do Senado para continuar cometendo crimes. Isso é um crime - afirmou Demóstenes

Renan, que está em Alagoas, limitou-se a dizer neste sábado que "esta é a 18ª edição da revista "Veja" que fabrica notícia contra mim".

Irritado com a situação, Demóstenes diz que a quebra de decoro é muito clara:

- Renan não é ministro do Supremo para investigar parlamentares. É um espião sentado no trono do Senado. A quebra de decoro está clara, e o objetivo era mudar a nossa convicção com chantagens - afirmou.

Demóstenes comparou a suposta tentativa de espionagem ao caso Watergate , que levou à renúncia do presidente americano Richard Nixon, em 1974.

- Por muito menos, o presidente Nixon renunciou - completou.

Perillo também reagiu:

- É uma espécie de constrangimento contra senadores que têm tido uma atuação firme no sentido de apurar todos os indícios, todos os eventos que envolvam o presidente do Senado - disse Perillo.

Assessor diz que denúncia é invenção para incriminar Renan

Em viagem a Goiânia no último dia 24, Escórcio teria tentado cooptar o apoio do empresário e ex-deputado goiano Pedrinho Abrão. O plano era instalar câmeras no hangar de táxi aéreo de Abrão para flagrar os dois senadores embarcando em jatinhos particulares e, posteriormente, usar o material para chantageá-los e baixar assim o tom das críticas ao presidente da Casa.

Escórcio confirmou apenas que se encontrou com Abrão, de quem se diz amigo, mas negou que tenha conversado com ele sobre grampo ou dossiês contra senadores. O assessor de Renan disse que foi a Goiânia para encontrar seu advogado, Eli Dourado, e que convidou Abrão a se juntar a eles no escritório para "jogar conversa fora".

- Falamos sobre amenidades e sobre a política local. Não fui tratar nada disso (de grampo). Era um encontro de pessoas que foram muito amigas e não se viam há algum tempo. Pelo fato de eu ser ligado a Renan, estão inventando essa história toda para incriminá-lo - disse.

Depois de recusar a proposta, Abrão teria procurado Demóstenes e Perillo para alertá-los sobre a ação de arapongas a mando de Renan. Segundo Demóstenes, Renan repete a estratégia usada no início do escândalo em que é acusado de ter despesas pessoais pagos pelo lobista de uma empreiteira. Na época, o peemedebista teria espalhado rumores para intimidar colegas como Pedro Simon (PMDB-RS), Jefferson Péres (PDT-AM) e José Agripino Maia (DEM-RN).

- Um grupo de salteadores e desqualificados tomou conta do Senado e acha que pode fazer o que quiser -afirmou Demóstenes.

Rodrigo Maia, presidente nacional do DEM, defendeu no início da noite deste sábado, em entrevista ao Blog do Noblat, a demissão de Escórcio: "Este elemento tem de ser afastado do quadro de funcionários do Senado Federal. Não é possível um desrespeito deste à instituição, este caso já foi longe demais", afirmou.

Jucá controlaria empresas de cominicação por intermédio de 'laranjas'

Segundo a revista "Veja" desta semana, Romero Jucá é acusado de controlar duas emissoras - a TV Imperial e a Rádio Equatorial - por meio de laranjas. De acordo com a revista, o cunhado do senador, Emílio Surita, apresentador do programa "Pânico na TV", controla as empresas e passou uma procuração para o advogado Alexandre Matias Morris administrá-las. Morris também é administrador da TV Caburaí, da qual Jucá seria dono.

Afastamento de Simon e Jarbas provoca atrito no PMDB e protestos

Nesta sexta-feira, o afastamento dos senadores Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) e Pedro Simon (PMDB-RS) da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado provocou reação dos colegasno Congresso e troca de acusações dentro do PMDB. O líder do partido no Senado, Valdir Raupp (RO), que afastou os dois colegas da CCJ, não gostou das críticas do líder do governo no Senado, Romero Jucá (RR), e do senador Geraldo Mesquita (AC), que classificou o afastamento de "canalhice". Em solidariedade aos senadores, o PSDB ofereceu suas vagas na CCJ para que eles continuem na comissão. Já o presidente do PTB, Roberto Jefferson, aproveitou a crise no PMDB para convidar Simon e Jarbas para o seu partido.

Aliado de Renan será relator de denúncia contra propina

Na quinta-feira, o presidente do Conselho de Ética, Leomar Quintanilha (PMDB-TO), anunciou que o senador Almeida Lima (PMDB-SE), integrante da tropa renanzista, será relator da representação que o presidente do Senado responde por envolvimento em suposto esquema de propinas para desviar recursos dos ministérios comandados pelo PMDB.

Já o senador João Vicente Claudinho (PTB-PI) é um dos cotados para relatar o processo que investiga a denúncia de que Renan teria usado laranjas para comprar veículos de comunicação em Alagoas, mas está relutando em aceitar o convite.

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