CPI convoca pessoa errada e fala até em quebra de sigilo de consultor da Airbus

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A CPI do Apagão Aéreo da Câmara passou por situação embaraçosa nesta quinta-feira ao receber o assessor de Comunicação da Airbus no Brasil, Mário Sampaio. Convocado pela comissão para representar a companhia européia fabricante da aeronave que se acidentou em Congonhas, Sampaio disse que é consultor de imprensa e que não tem competência para tratar de questões técnicas em nome da empresa.

- Falar em pinagem de turbina é para engenheiro. Em nenhum momento citei ser representante da Airbus - disse, para surpresa dos parlamentares.

Economista, Sampaio mostrou à CPI texto enviado à imprensa brasileira em que se identifica como consultor. Ele é dono da empresa Multiplan, que presta serviços à Airbus.

Sampaio passou pelo constrangimento de ouvir o vice-presidente da CPI do Apagão Aéreo da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), falar em quebra de seu sigilo bancário. Irritados ao descobrir que convocaram a pessoa errada e que Sampaio não tinha condições de dar as informações técnicas de funcionamento de um Aribus A-320, os parlamentares quiseram saber se a companhia européia, fabricante do avião acidentado no Aeroporto de Congonhas, tinha representante no Brasil.

Depois de dizer que a Airbus não tem representante no país, Sampaio admitiu que a empresa tem funcionários na TAM, um deles engenheiro. Depois de muita discussão, Eduardo Cunha perguntou como a Airbus pagava a Sampaio pelos serviços prestados à companhia. O deputado pediu que Sampaio enviasse cópia de seu contrato com a empresa. Diante da hesitação do depoente, Eduardo Cunha chegou a cogitar quebra de sigilo, mas depois mudou de idéia.

- Me mandaram um texto com algumas explicações. A Airbus não tem representante de vendas no Brasil - disse Sampaio - afirmando que desde o acidente está "sob pressão muito grande".

Acompanhamento das investigações

O relator da CPI, Marco Maia (PT-RS), perguntou se Sampaio conhecia algum técnico da Airbus que estivesse no Brasil, ou com previsão de chegada ao país nos próximos dias, para acompanhar as investigações sobre o acidente com a aeronave da TAM. O assessor de Comunicação da Airbus afirmou que "logo após o acidente" encontrou, por acaso, um grupo de técnicos da empresa que estavam chegando ao Brasil para acompanhar as investigações sobre o acidente.

- Quando estava fazendo o check-in no Hotel Sofitel, soube que um grupo de funcionários da Airbus estava para chegar. Quando vi que estavam no hotel, me apresentei a eles e disse que era assessor de imprensa da Airbus no Brasil. Eles disseram que como eu era assessor de imprensa, não poderiam tratar do acidente comigo. Depois não os vi mais, não sei se continuam no Brasil - Afirmou Sampaio.

Depois de muita discussão e irritação com as evasivas de Sampaio, os deputados da CPI conseguiram a promessa de que um representante da Airbus fale à comissão. Eduardo Cunha informou aos demais integrantes da comissão que dois advogados da Airbus presentes à audiência concordaram em indicar um nome da fabricante para depor na próxima quinta-feira, dia 9, sobre o acidente. Os dois advogados representam escritório contratado pela empresa após a trágedia, para acompanhar todo o processo envolvendo o acidente.

Cunha solicitou que, além do nome sugerido, que não revelou, venha também um técnico para tirar dúvidas sobre o funcionamento do avião. O parlamentar disse ainda que os dois advogados convidaram os deputados da CPI para visitar a sede da empresa, em Toulouse, na França. No entanto, Cunha disse preferir ouvir os representantes da Airbus na comissão.