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Devem surgir outras possíveis fontes dos recursos repassados pelo empresário Marcos Valério de Souza às pessoas indicadas pelo ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares. As suspeitas devem constar no relatório parcial que será divulgado na próxima quinta-feira pelo deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), sub-relator de movimentações financeiras da CPI dos Correios.

Ele afirmou que irá apontar as quatro fontes que poderiam financiar o esquema de Valério. Uma das fontes já foi divulgada nesta quinta-feira pelo relator da CPI, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR). Seria o contrato da agência de publicidade DNA, de Valério, com a Visanet - empresa que tem como um de seus principais acionistas o Banco do Brasil, com 32% do capital.

- Houve um adiantamento para prestação de serviço. Esse recurso foi utilizado pela agência para aplicação no mercado financeiro. E essa aplicação serviu como garantia para que o sócio de Marcos Valério tomasse um empréstimo no mesmo banco e o dinheiro fosse repassado para as pessoas indicadas pelo Delúbio Soares (ex-tesoureiro do PT) - afirmou Fruet.

Segundo o deputado, outra fonte de recursos pode ser os contratos de publicidade com a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT).

- Segundo o Tribunal de Contas da União (TCU), existem irregularidades nos contratos dos Correios. Isso significou que houve uma sobra de dinheiro nas contas de Marcos Valério, que ele pode ter usado para esse tipo de operação - afirmou o sub-relator.

Fruet disse que não há elementos que mostrem que, nos Correios, foi realizada a mesma operação feita com a Visanet. Mas foram encontrados indícios de superfaturamento nos contratos e notas que foram emitidas sem que os serviços fossem prestados.

O deputado afirmou que o relatório irá apontar também que o recurso pode ter origem em empresas privadas que "têm interesse no governo e viram no Marcos Valério a possibilidade de intermediar esses interesses". Segundo Fruet, entre as empresas estão algumas de telefonia, como a Telemig Celular.

O sub-relator explicou que os valores pagos em contratos dessas empresas com Valério "aumentaram consideravelmente" em 2003 e 2004.

- Além disso, a verba passada por essas empresas ao Marcos Valério foram depositadas na conta da SMP&B, no Banco Rural, de onde praticamente saíram quase todos os recursos que alimentam essas formas de pagamento - destacou.

A quarta possível fonte de recursos, de acordo com Fruet, é a bonificação recebida por Valério nos contratos de publicidade.

- Ele movimentou, entre 2003 e meados de 2005, um valor de quase 150 milhões de reais em contratos. Considerando uma prática de mercado - que é a bonificação que fica em torno de 10 a 20% - já se tem uma origem considerável de recursos que podem ter sido utilizados para esse tipo de operação - explicou o sub-relator.

A bonificação é uma gratificação que os veículos de comunicação pagam para as agências em troca de anúncios.

Uma auditoria feita pelo Tribunal de Contas da União (TCU) em conjunto com a CPI dos Correios apurou que as agências de publicidade incorporaram bonificações em contratos com estatais.

- Há um contrato que determina que esses valores cheguem à estatal e não tem nenhum sistema de vigilância - afirmou o relator da CPI, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR).

Fruet destacou que o relatório parcial trabalha com indícios.

- É uma ingenuidade imaginar que a gente vai conseguir isolar o dinheiro. Ou seja, que o dinheiro entra carimbado nas contas de Marcos Valério como dinheiro de superfaturamento ou dinheiro destinado à corrupção e que esse dinheiro vá para pagar algum político. Essa perfeição não vai existir - declarou.

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