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denúncias na petrobras

CPI negocia para ouvir em Curitiba presos da Lava Jato; partidos são contra

Siglas da base veem na medida uma tentativa de blindar parlamentares do PMDB. Mudança depende de aval de Sergio Moro

Atualmente, um ato interno da Câmara proíbe que detentos sejam levados para as dependências da Casa | PAULO WHITAKER/REUTERS
Atualmente, um ato interno da Câmara proíbe que detentos sejam levados para as dependências da Casa (Foto: PAULO WHITAKER/REUTERS)

Onze integrantes da CPI da Petrobras da Câmara Federal se reúnem nesta sexta-feira (24) pela manhã em Curitiba com o juiz federal Sergio Moro, responsável pelos processos da Lava Jato. A tônica do encontro será negociar para que 19 presos da operação encarcerados no Paraná sejam ouvidos pela comissão na capital paranaense, no próximo mês, e não mais levados para depor em Brasília. A medida desagradou à oposição, que vê uma tentativa de blindar parlamentares do PMDB.

Caso recebam a autorização de Moro, os deputados poderão realizar várias oitivas em um mesmo dia, se estendendo até à madrugada, e em sessões que não serão obrigatoriamente abertas ao público. Na Câmara, os depoimentos costumam durar entre sete e oito horas, são abertos à imprensa e transmitidos ao vivo na tevê e na internet.

Segundo a Gazeta do Povo apurou, integrantes do PMDB estão preocupados porque os depoimentos prestados em Curitiba englobam duas peças-chave que podem implicar o partido com os desvios da Petrobras.

Preso em Curitiba, Fernando Soares, o Fernando Baiano, é apontado como o operador dos pagamentos de propina a parlamentares do PMDB. E o ex-diretor da área de Internacional da Petrobras Nestor Cerveró, segundo as investigações, atuaria como representante do PMDB.

Pelo menos 10 peemedebistas estão sendo investigados na Lava Jato, incluindo o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, e do Senado, Renan Calheiros.

Ato interno

Atualmente, um ato interno da Câmara proíbe que detentos sejam levados para as dependências da Casa. O ato, porém, foi suspenso temporariamente em março, para que o ex-diretor da Petrobras Renato Duque, que seria ligado ao PT, pudesse ser ouvido. Duque permaneceu em silêncio.

O presidente da CPI, Hugo Motta (PMDB-PB), afirmou que estaria negociando a revogação do ato com a presidência da Câmara. Membros da CPI ouvidos pela reportagem, porém, já dão como certo que o ato não será suspenso.

Autor do requerimento para que as oitivas fossem realizadas em Curitiba, o deputado Celso Pansera (PMDB-RJ) afirma que a estadia dos 27 integrantes da CPI em Curitiba por uma semana seria menos onerosa e menos trabalhosa que a transferência dos 19 presos para Brasília. “É mais fácil a CPI vir e fazer um trabalho intenso, sem limite de horário, e avançar nos trabalhos”, disse.

Para o deputado Ivan Valente (PSol-SP), que integra a comitiva, a medida representa “perda de informação” ao público. “Nós demoramos um mês e meio para aprovar o requerimento da oitiva do Fernando Baiano, que é operador do PMDB. E ainda vamos ouvi-lo em Curitiba, não se sabe como. Eu espero que isso não se torne um instrumento de blindagem”, disse. A bancada do PT, PSB, PR, Pros e PCdoB também se posicionaram contra a medida.

Já o vice-presidente da CPI, Antônio Imbassahy (PSDB-BA), que lidera a viagem, sinaliza que é “precipitado” afirmar como serão os depoimentos, pois dependerá do posicionamento de Moro. “Essas oitivas servirão para esclarecer, não é bom fazer pré-julgamento.”

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