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O número de cidades administradas por mulheres subirá em 2009 |
O número de cidades administradas por mulheres subirá em 2009| Foto:

A quantidade de mulheres que ganharam a disputa pelas prefeituras paranaenses aumentou 29% em relação à eleição anterior. Atualmente, são 24 prefeitas e, a partir do ano que vem, serão 31. Na prática, 100 mil pessoas a mais passaram a ter uma prefeita. Mas, a proporção feminina nos cargos majoritários municipais no Paraná ainda é muito baixa. Dentre as 26 unidades da federação, o estado fica em 20º lugar. De cada 13 prefeitos paranaenses eleitos, apenas 1 era mulher. Contudo, as que já conquistaram um cargo tiveram mais eficiência do que os homens nas urnas. Enquanto o índice geral de reeleição ficou em 44% no Paraná, 13 das 24 prefeitas conseguiram se manter no cargo: 54% de reeleição.

Nunca, no Paraná, uma grande cidade foi administrada por uma mulher. O maior município comandado por uma prefeita é Santo Antônio da Platina, com 40 mil moradores. De acordo com os dados da Justiça Eleitoral, as eleitas são médicas, professoras, donas de casa, em sua maioria. As eleitas têm idades entre 29 e 61 anos. Mais da metade delas tem curso universitário e 90% ao menos ensino médio completo.

No Brasil, aproximadamente 500 mulheres foram eleitas prefeitas no primeiro turno. Elas representam 9% do total de chefes do Executivo no país. Há sinal de uma evolução nos números. Em 2004, o percentual de prefeitas foi de 7,32%, contra 5,32% registrado no pleito de 2000. Parece um avanço, mas uma estimativa da Organização das Nações Unidas aponta que, nesse ritmo, ainda vai levar mais de 100 ano para que as mulheres tenham o mesmo espaço que os homens. A antropóloga Delaine Costa, que coordena o Programa de Gênero e Políticas Públicas do Instituto Brasileiro de Administração Municipal, destaca que as mulheres são a maioria entre o eleitorado, mas não são representadas na mesma proporção.

Patrícia Rangel, cientista política do Centro Feminista de Estudos e Assessoria lembra que o Nordeste é conhecido como machista e o Sul progressista, mas os estados com menor proporção de eleitas são do Sul. Para ela, é um indício que o desenvolvimento humano não tem relação com o voto em mulheres. "Em lugares onde a competição costuma ser menos acirrada, as mulheres conseguem espaço. Mas as barreiras continuam muito fortes e elas não conseguem avançar muito", destaca.

Patrícia salienta que os números de candidaturas mostram que a lei da cota – que determina que ao menos 30% dos inscritos sejam mulheres não é cumprida. Para ela, o desrespeito à legislação se deve à impunidade, já que os partidos que não obedecem à proporção não sofrem sanções. Mas a pesquisadora elenca motivos para que a mulher receba mais atenção dos eleitores. Os números da Justiça Eleitoral mostram que o grau de instrução das candidatas é muito maior.

"No Brasil, as desigualdades de gênero em todos os âmbitos definitivamente persistem", afirma. Para Patrícia, fatores que contribuem para a sub-representação feminina são inúmeros e interagem entre si de forma tão complexa que fica quase impossível distingui-los. Mas, de forma geral o próprio sistema político, a forma de recrutamento de candidatos e de organização partidária, além de aspectos culturais acabam barrando a participação feminina efetiva. "A primeira barreira à participação política feminina já aparece em casa. Em uma sociedade enraizada em valores excludentes, a educação acaba sendo contaminada pelo sexismo ainda na mais tenra infância. Em geral, as meninas crescem condicionadas a pensar que são diferentes dos meninos, que não têm as mesmas qualidades, que não podem se envolver em certos tipos de atividades ditas masculinas", declara.

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