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“Não sei do que se tratam as denúncias (contra Sarney). Juro que não sei.” Paulo Duque, presidente do Conselho de Ética | Fábio Rodrigues Pozebom/ABr
“Não sei do que se tratam as denúncias (contra Sarney). Juro que não sei.” Paulo Duque, presidente do Conselho de Ética| Foto: Fábio Rodrigues Pozebom/ABr

Crise entre Poderes

Lula chama senadores de "pizzaiolos"

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante discurso para defender o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP) acabou criando uma enorme saia-justa com todos os senadores. Questionado se a mistura de pré-sal com a CPI da Petrobras daria em pizza, Lula respondeu: "Depende. Todos eles são bons pizzaiolos".

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Brasília - O novo presidente do Conselho de Ética do Senado é o senador Paulo Duque (PMDB-RJ). Lançado pelo líder do PMDB, Renan Calheiros (AL), Duque recebeu 10 votos. Houve uma abstenção e quatro votos em branco. Ele, considerado um "soldado" da tropa de choque governista, será o responsável por comandar as análises das denúncias contra o presidente do Senado, José Sarney, acusado de quebra de decoro parlamentar. Senadores do PSDB e do DEM acusam os governistas de "tratorarem" o colegiado para blindar Sarney.

O novo presidente do Conselho de Ética afirmou que não conhece as denúncias contra Sarney. "Não sei do que se tratam as denúncias. Juro que não sei", disse Paulo Duque. Ele negou que faça parte da tropa de choque de Renan, mas assumiu sua parcialidade: "Não existe independência total na política, pode escrever isso. Isso existe em todo Congres-so Nacional, em todo lugar, e aqui também." A primeira reunião do conselho será em 5 de agosto.

Sarney foi denunciado por quebra de decoro parlamentar pela edição dos 663 atos secretos e também pela suspeita de ter usado o cargo para interferir a favor da fundação que leva seu nome. Os aliados do peemedebista querem colocar um senador fiel no comando do colegiado porque, pelo regimento do conselho, o presidente tem a prerrogativa de rejeitar as denúncias e representações contra senadores.

Após a escolha de Duque, a oposição ameaçou levar as discussões sobre as denúncias contra Sarney para o plenário da Casa, onde a relação de força da oposição e da situação é mais equilibrada. "Estamos preparados burocraticamente e politicamente. Recorrer-se ao plenário do conselho e, em seguida, ao plenário da casa, quantas vezes for necessário’’, disse o líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM).

Segundo o senador Demóstenes Torres (DEM), se o processo contra Sarney não for levado adiante, a oposição poderá recorrer até mesmo ao Supremo Tribunal Federal (STF). "Se o Paulo Duque vier como tropa de choque do governo, desrespeitando a Casa, isso lhe trará problemas."

Parlamentares do DEM e do PSDB reclamaram da escolha. Ha-via um acordo para o senador Antônio Carlos Valadares (PSB-SE) ser lançado à presidência do conselho, com o apoio da oposição. Vala-dares, entretanto, deixou o Conse-lho de Ética ontem à tarde. O líder do DEM, Agripino Maia (RN), disse que foi inesperada a saída de Valadares. "Mais do que esquisito, é suspeito". Até mesmo o líder do PT no Senado, Aloísio Mercadante, mostrou descontentamento com a escolha de Duque. "A responsabilidade pelos desdobramentos quanto à presidência do conselho , no que se refere à base, passa a ser inteiramente da bancada do PMDB." Ele se disse surpreso com a mudança de posição de Renan.

Diretor-geral

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado tomou ontem uma decisão que tenta minimizar a crise pela qual passa a Casa. Foi aprovado o projeto de resolução que modifica as regras para nomeação do cargo de diretor-geral. Ele será escolhido entre os servidores efetivos do Senado e nomeado pelo presidente da Casa após o plenário referendar a indicação. As mudanças no processo de nomeação foram negociadas com os senadores após as denúncias de supostas irregularidades praticadas ao longo dos 14 anos de gestão do então diretor-geral do Senado, Agaciel Maia.

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