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Ex-diretor preso é transferido para Curitiba

Arquivo/ Gazeta do Povo

Preso sob suspeita de destruir documentos e obstruir investigação da Polícia Federal, o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa teve o pedido de liberdade negado ontem pela Justiça Federal. Ele foi preso temporariamente na quinta no Rio, depois que parentes dele foram filmados recolhendo documentos, e ontem foi levado para Curitiba. Além de ser alvo da operação da PF Lava a Jato, que apura por que ele recebeu de um doleiro uma Land Rover comprada no ano passado por R$ 250 mil, Costa é também investigado em outro caso. O Ministério Público Federal apura a compra da refinaria em Pasadena, no Texas, pela Petrobras.

Diretor de Refino e Abastecimento da estatal entre 2004 e 2012, ele esteve pessoalmente nos EUA para a assinatura do contrato que formalizou o negócio que contou com o aval do conselho de administração da Petrobras na época em que era presidido por Dilma Rousseff.

Por meio de nota, o advogado Fernando Augusto Fernandes informou que irá recorrer ao STJ para libertar o ex-diretor. "A decretação de prisão por suspeitas de corrupção passiva de alguém que dedicou 35 anos à Petrobras e não é funcionário público há quase dois anos é uma arbitrariedade", diz o texto da defesa.

Perda de valor

A página do jornal Financial Times na internet publicou reportagem ontem sobre a perda de valor de mercado das empresas de países emergentes. O texto destaca o tombo da Petrobras. Segundo a publicação, o valor de mercado da estatal brasileira despencou e a empresa, que já foi a 12ª maior do planeta há cinco anos, ocupa o 120º lugar atualmente. O levantamento feito pelo jornal diz que entre as 100 maiores empresas do mundo há apenas 11 emergentes e nenhuma é brasileira. Além da Petrobras, que deixou de figurar entre as 100 maiores, o banco Itaú Unibanco, a colombiana Ecopetrol e a mexicana América Móvil também caíram e não estão mais entre os 100 primeiros do ranking citado pelo jornal.

O requerimento de criação de uma CPI mista da Petrobras já conta com 102 assinaturas de deputados, informou ontem o líder do PPS na Câmara, Rubens Bueno (PR). No início da próxima semana, os partidos de oposição buscarão as 171 assinaturas de apoio à abertura da comissão composta por deputados e senadores. Além disso, uma reunião sobre o assunto está marcada para terça-feira para tratar do assunto, informou Bueno.

A oposição vai atuar em várias frentes, nas duas Casas do Congresso, para tentar apurar as denúncias da compra pela Petrobras da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, em 2006, que gerou um prejuízo de US$ 1 bilhão. A estratégia é aproveitar o clima a favor da investigação na opinião pública para ganhar o apoio dos insatisfeitos da base aliada.

No Senado, o senador e presidenciável Aécio Neves (PSDB-MG) tentará coletar as assinaturas para a criação da CPI mista, que só se viabiliza com o apoio de 171 deputados e 27 senadores. Senadores de oposição também prometem fazer uma representação contra Dilma na Procuradoria Geral da República (PGR).

Na Câmara, está em curso outra tentativa de criar uma CPI, composta apenas por deputados. Para que ela, de fato, seja instalada, é preciso conseguir o apoio de no mínimo 257 assinaturas, para pautar a tramitação em urgência urgentíssima e outros 257 votos sim, no plenário, para que ele seja aprovado e a CPI se concretize.

Documentos

Ontem, o líder do PSDB, o senador Aloysio Nunes Ferreira (SP), pediu à Petrobras cópia do processo administrativo da estatal que autorizou a compra da refinaria de Pasadena. O senador usou a Lei de Acesso à Informação para obter os documentos e disse esperar que a Petrobras atenda a solicitação da oposição no prazo legal de 30 dias.

O tucano apresentou o mesmo pedido ao Ministério de Minas e Energia e também solicitou à pasta acesso ao processo aberto contra o grupo Astra – que vendeu a refinaria à empresa brasileira. O senador disse que, com os documentos em mãos, poderá analisar a justificativa apresentada pela presidente Dilma Rousseff para ter avalizado a compra da refinaria.

Na época, Dilma era presidente do Conselho de Administração da Petrobras, órgão da estatal responsável por autorizar a compra. Ela disse que aprovou a operação com base em um parecer "técnica e juridicamente falho".

Magnata belga lucrou com a venda de refinaria

Folhapress

Se a Petrobras teve um prejuízo bilionário com a compra da refinaria Pasadena (EUA), o barão Albert Frére, 88, foi quem lucrou com o negócio com a estatal brasileira. Frére, que é um dos homens mais ricos da Bélgica, não terminou o colegial e começou a carreira salvando o negócio de sua família. Com uma fortuna estimada em US$ 4,9 bilhões, o barão ocupa a posição 295 no ranking de bilionários da revista Forbes.

O empresário ainda é conhecido pela paixão por vinhos – é um dos donos do francês Chateau Cheval Blanc. Em 1994, recebeu o título de "barão" das mãos do rei Albert 2º. Ele é controlador da empresa belga Astra Oil, que comprou a refinaria de Pasadena em 2005 por US$ 42,5 milhões e no ano seguinte vendeu 50% dela para a Petrobras por US$ 360 milhões. A Astra Oil é subsidiária da Transcor Astra Group, que integra a holding CNP (Compagnie Nationale à Portefeuille), dirigida pela família de Frére.

A CNP atua em aquisição e investimentos em vários países – como Estados Unidos, França e Alemanha – no ramo de energia, comunicação, bancos e até na área dos famosos sorvetes belgas.

A empresa do barão belga recebeu ainda mais US$ 820,5 milhões pelos outros 50% em razão de uma cláusula no contrato, chamada "Put Option", estabelecendo que um deveria comprar a parte do outro em caso de litígio entre sócios. A compra da refinaria é investigada pelo Tribunal de Contas da União, Ministério Público do Rio e pela Polícia Federal.

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