Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
funcionalismo

Criação de lei de greve une governo e oposição

Senado já discute um projeto para regulamentar as paralisações de servidores públicos

UFPR está sem aulas há 109 dias. Se voltar imediatamente às atividades, calendário escolar de 2012 vai até março de 2013 | Antônio More/ Gazeta do Povo
UFPR está sem aulas há 109 dias. Se voltar imediatamente às atividades, calendário escolar de 2012 vai até março de 2013 (Foto: Antônio More/ Gazeta do Povo)

Cinco anos após a tentativa frustrada do então presidente Lula de criar uma lei para regulamentar as greves no serviço público, a gestão Dilma Rousseff vai retomar o assunto nas próximas semanas. Escaldada pela paralisação que ainda atinge parte do funcionalismo federal, ela estuda como driblar o lob­­by das centrais sindicais, influentes em vários setores do governo. Ao mesmo tempo, o Senado tomou a dianteira da discussão e está prestes a aprovar um projeto do senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) sobre o assunto.

O teor das normas que serão defendidas pela presidente é tratado com mistério – pelo menos até que se fechem os últimos acordos com as categorias que mantêm paralisações, como os funcionários da Polícia Federal e os professores de universidades federais. Na semana passada, mais de 20 carreiras, 18 delas representadas pela Confederação Nacional dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef), aceitaram a proposta do governo de concessão de um reajuste de 15,8% em três anos, a partir de 2013. As linhas gerais de um anteprojeto que precisa ser enviado ao Congresso Nacional, no entanto, já teriam sido definidas pela Advocacia-Geral da União (AGU) e já estariam sendo conduzidas pela Secretaria-Geral da Presidência da República.

O eixo central da discussão é a proteção aos serviços essenciais à sociedade, como as áreas de saúde, transporte, abastecimento de água, energia elétrica e coleta de lixo. A ideia é obrigar que os servidores desses setores comuniquem as greves com antecedência e mantenham um porcentual mínimo de atendimento (pelo menos na faixa de 40%). Além disso, a proposta deve prever regras para cortes nos salários dos grevistas pelos dias não trabalhados.

Não está descartada, porém, a hipótese de o governo apoiar, mesmo que indiretamente, o Projeto de Lei (PL) 710/2011, de Aloysio Nunes. A proposição tramita na Comissão de Constituição e Justiça do Senado em caráter terminativo e, se aprovada, segue para a Câmara dos Deputados. "Não tenho ideia de qual será o posicionamento do governo. O que eu sei é que já passou da hora de o Congresso regulamentar o assunto", diz o senador tucano.

Na última quarta-feira, o presidente da Comissão, Eunício Oliveira (PMDB-CE), se comprometeu a colocar o PL em votação no dia 12 de setembro. Nunes ressalta que é preciso aproveitar o "surto" recente das greves em massa para aprovar o projeto. "Se não usarmos essa onda, depois tudo entra na rotina novamente e o problema é esquecido."

Na semana passada, as ministras Ideli Salvatti (Relações Institucionais) e Gleisi Hoffmann (Casa Civil) deram declarações similares cobrando do Congresso uma solução para a regulamentação. "Acho que o Congresso deve esse debate e essa decisão ao país", afirmou Gleisi. "Infelizmente tivemos vários excessos, várias situações que são inadmissíveis para o bem-estar da população. Então eu acho que está na hora mesmo de o Congresso se manifestar", avaliou Ideli.

Vice-líder do governo e ex-presidente da Comissão de Trabalho da Câmara, o paranaense Alex Canziani (PTB) conta que há ambiente entre os parlamentares para aprovar a regulamentação. "Se o governo colocar a base para funcionar, independentemente do projeto escolhido, dá para decidirmos essa história o quanto antes", diz o petebista. Para ele, o tema precisa parar de ser tratado como um "tabu", tanto pelo Executivo, como pelo Legislativo. "Essas últimas greves que o país enfrentou mostraram que é preciso haver uma clareza de quem pode fazer greve e de que maneira pode fazer."

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.