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Curitiba – Mesmo que os culpados escapem ilesos, as denúncias em Brasília não devem passar em branco. Uma consulta da Paraná Pesquisas com 510 eleitores de Curitiba mostra que 47,65% consideram as denúncias gravíssimas e um grupo ainda maior, de 54,41%, afirma que vai mudar seu voto em 2006. Os analistas consideram que a população optou por uma resposta silenciosa diante das suspeitas de uso de caixa 2 pelo PT, de pagamento de mesadas ao Congresso e de corrupção no governo.

Entre os eleitores dispostos a mudar seu voto, a maior parte (26,67%) pretende pensar duas vezes antes de escolher seu candidato. Os revoltados a ponto de não votar em mais ninguém (10,39%) ou de não votar mais no PT (7,84%) são minoria. Os suspeitos perderam os votos de 6,27%, enquanto os que denunciam e investigam ganharam a confiança de 2,35%.

Os envolvidos passaram dos limites para a grande maioria. Os que consideram as denúncias gravíssimas ou graves representam 84,92%. Para 11,18%, a gravidade é média. Os números mostram a predominância de opiniões como a do vigilante Raul Lima da Silva, de 34 anos. Para ele, as denúncias feitas até agora são gravíssimas, mas ainda existe muito a ser investigado. "Diante de toda essa situação horrível, ou votamos em branco ou tentamos conhecer melhor os candidatos."

Mesmo quem não vai mudar seu voto está de olho na apuração. A atriz Lala Schneider, que teme o agravamento da crise, diz que continuará adotando critérios rigorosos na escolha dos candidatos. Em sua avaliação, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva está "lavando as mãos" ao tentar manter distância da turbulência.

"O eleitor vai fazer justiça com o voto", analisa o diretor da Paraná Pesquisas, o economista Murilo Hidalgo Lopes de Oliveira.

Para o cientista político Renato Perissimotto, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), a população tem razão em ficar desconfiada. "As pessoas sabem que a punição não é o resultado automático do aparecimento de provas." Para o cientista político Paulo Roberto Neves, também da UFPR, quem muda o voto pode estar tentando reagir à tendência de acomodação das denúncias.

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