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Atualizado em 05/09/2006 às 19h39

Em depoimento fechado no Conselho de Ética do Senado, o empresário Darci Vedoin, sócio da Planam, empresa que comandava a máfia das ambulâncias , desmentiu o senador Magno Malta (PL-ES) que vinha repetindo nunca ter se encontrado com ele. A informação foi confirmada pelo senador Demóstenes Torres (PFL-GO). Após o depoimento, encerrado no final da tarde desta terça-feira, Vedoin passou mal e foi levado para o ambulatório do Senado. Ele teve problemas de pressão, mas dispensou uma cadeira de rodas oferecida pela enfermaria. Mais cedo, segundo o presidente da CPI dos Sanguessugas, deputado Antônio Carlos Biscaia (PT-RJ), Darci já havia confirmado no Conselho todas as denúncias contra o senador Ney Suassuna (PMDB-PB) feitas à Polícia Federal.

Segundo o sub-relator da CPI dos Sanguessugas, deputado Júlio Redecker (PSDB-RS), Darci confirmou ter destinado um Fiat Ducatto a Magno Malta. Darci contou ter destinado o carro ao ex-deputado Lino Rossi (PP-MT), que o entregou ao senador. Malta já admitiu ter usado o automóvel para transportar a sua banda gospel "Tempero do Mundo" por mais de um ano. De acordo com Demóstenes Torres, Darci disse que se encontrou com Magno Malta em 2002, quando ele ainda era deputado. Segundo o empresário, o senador estava acompanhado de Lino Rossi, um dos primeiros parlamentares a se envolver com a máfia dos sanguessugas. O encontro teria ocorrido num restaurante e foi apenas "um almoço para conhecimento", no qual não se tratou de negócios.

Demostenes questionou a apresentação de um recibo por Magno Malta, do dia 2/9/2005, no valor de R$ 750, para devolução de um carro doado pela Planam a Lino Rossi. Segundo o senador pefelista, o recibo não tem carimbo nem assinatura.

- Sem assinatura, isso não tem validade - disse Demostenes.

O senador Magno Malta afirmou, entretanto, que não sabia que o carro havia sido cedido pela empresa de Vedoin. Darci teria dito, no entanto, que em troca do empréstimo do carro Malta teria prometido destinar uma emenda no valor de R$ 1 milhão para o esquema de superfaturamento de ambulâncias.

Segundo Biscaia, Darci está sendo ainda mais incisivo nas denúncias:

- Hoje ele foi ainda mais contundente – disse o presidente da CPI dos Sanguessugas.

O depoimento de Darci Vedoin gerou durante o dia informações desencontradas entre os deputados e senadores que o assistiram. O senador Juvêncio da Fonseca (PSDB-MS) havia comentado mais cedo que o testemunho do sócio da Planam beneficiara Magno Malta. Segundo Juvêncio, Darci teria afirmado que nunca esteve pessoalmente com o senador capixaba. No entanto, disse o senador, o empresário afirmou que em uma ocasião esteve com o chefe de gabinete de Magno Malta. Juvêncio informou que Darci Vedoin também teria afirmado que o senador não apresentou emendas ao Orçamento destinadas à compra de ambulâncias da Planam.

A Planam vendia veículos com preços superfaturados a prefeituras. Para conseguir recursos para o esquema, contactava assessores de deputados federais. Eram apresentadas emendas ao Orçamento da União direcionadas aos municípios que a quadrilha tinha procurado. Mas segundo o presidente da CPI dos Sanguessugas, Darci estaria escondendo informações sobre o esquema.

- Eles sonegaram provas. Eles têm de contar de uma vez por todas tudo o que sabem – disse Biscaia.

Suassuna não estava presente no depoimento. O líder do PMDB em exercício, senador Wellington Salgado (MG), que estava fazendo a defesa de Suassuna perguntou se não seria possível o senador não saber do repasse para seu assessor. Darci afirmou:

- Não era possível. Ele sabia sim.

Salgado questionou ainda se poderia ter ocorrido falsificação de assinatura nos requerimentos para as emendas.

- Se houve falsificação é porque ele (Suassuna) mandou. Tem parlamentar aqui que manda o assessor falsificar – disse Darci.

Candidato à reeleição, Suassuna é acusado de receber mais de R$ 240 mil de propina em troca da apresentação de emendas ao orçamento para compra de ambulâncias superfaturadas. O dinheiro teria sido depositado na conta de Marcelo Carvalho, assessor do senador, a quem Suassuna acusa de ter atuado sozinho.[Reunião do Conselho de Ética do Senado - Agência Senado] O depoimento de Darci Vedoin foi fechado a pedido de seu advogado, Oto Medeiros. Ele argumentou o princípio de isonomia e lembrou que em todos os depoimentos anteriores o cliente havia falado de forma reservada.

O relator do processo de cassação contra Suassuna, Jefferson Peres (PDT-AM) disse no início da sessão que, "em princípio, é contrário a depoimentos fechados", mas concordou especificamente neste caso por acreditar que o depoente se sentiria mais à vontade para falar sobre os fatos.

Antes de começar a reunião, Jeffeson Péres disse que, se não houver necessidade de convocação de novas testemunhas, apresentará o seu parecer uma semana após ouvir o senador Ney Suassuna, cujo depoimento está marcado para terça-feira. Além de Suassuna e Malta, também foram acusados de envolvimento na máfia das ambulâncias a senadora Serys Slhessarenko (PT-MT) e outros 67 deputados.

Na segunda-feira, o Conselho de Ética da Câmara, escolheu os relatores dos processos contra os deputados acusados de envolvimento no escândalo.

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