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Verbas públicas

De cada R$ 3 prometidos, só R$ 2 chegam às prefeituras

Dos R$ 45 bilhões anunciados pela União aos municípios entre 1995 e 2009, apenas R$ 31 bilhões foram efetivamente repassados, segundo estudo divulgado ontem

“Se o pacto federativo fosse revisto, destinando mais dinheiro para as prefeituras, o recurso viria independente­mente do partido do prefeito, da ajuda de um deputado ou da vontade do governo.” Paulo Ziulkoski, presidente da Confederação Nacional dos Municípios (CNM) | Ana Nascimento/ABr
“Se o pacto federativo fosse revisto, destinando mais dinheiro para as prefeituras, o recurso viria independente­mente do partido do prefeito, da ajuda de um deputado ou da vontade do governo.” Paulo Ziulkoski, presidente da Confederação Nacional dos Municípios (CNM) (Foto: Ana Nascimento/ABr)

Ponta Grossa - De cada R$ 3 que o governo federal promete repassar às prefeituras brasileiras por meio de convênios (repasses voluntários), apenas R$ 2 são realmente entregues. É o que aponta um levantamento feito pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM), divulgado ontem em Brasília. Dos R$ 45 bilhões anunciados pela União de 1995 a 2009, R$ 31 bilhões foram efetivamente liberados. Nesses 14 anos, foram 210.827 contratos firmados – cerca de 40 por dia.

Para o presidente da CNM, Paulo Ziulkoski, além do repasse apenas parcial do que foi prometido, o sistema de transferências voluntárias – como os convênios – é nocivo para as prefeituras. Ele explica que o modelo torna os prefeitos dependentes de uma série de fatores para que o dinheiro seja liberado. "Queremos transparência, sem barganha de favores. Se o pacto federativo fosse revisto, destinando mais dinheiro para as prefeituras, o recurso viria independentemente do partido do prefeito, da ajuda de um deputado ou da vontade do governo", alega.

Ziulkoski ainda considera que o sistema de convênios causa problemas aos prefeitos. Ele cita que mais de 30 operações da Polícia Federal envolvendo políticos foram em consequência de irregularidades no sistema de transferências voluntárias. "Ninguém ouve falar em desvio de IPTU, ICMS e outros repasses obrigatórios. A maioria dos processos que os prefeitos respondem é em decorrência de convênios", diz.

Por causa de todos os entraves que podem acontecer, a CNM tem recomendado aos prefeitos que, antes de firmar convênio com o governo federal, avaliem se o recurso é realmente necessário, se as despesas da prefeitura não serão muito significativas e se há garantia de que não haverá contratempos na prestação de contas.

Problemas, como dívidas na previdência social, impedem que várias prefeituras recebam recursos federais de transferências não obrigatórias. Para estar apta, a administração municipal precisa ter certidão regular do Cadastro Único de Convênios (Cauc). Na primeira semana de julho de 2009, 3.273 municípios (58,8%) tinham algum problema no cadastro.

A CNM nega que as administrações municipais não tenham habilitação técnica para buscar recursos e prestar contas. O que existe, segundo Ziulkoski, é excesso de burocracia. A entidade cita dois programas federais – de intervenções viárias e de compra de ônibus escolares – em que prefeituras cumpriram as exigências legais, mas não receberam os recursos. No caso do transporte escolar, por exemplo, teriam sido aprovados R$ 341 milhões, mas apenas R$ 162 milhões (47%) foram liberados.

A Gazeta do Povo procurou o Ministério do Planejamento para comentar os dados do levantamento da CNM, mas não houve retorno.

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