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Supremo

Defesa de ex-ministro nega negociação para obter apoio do PTB

Anderson Adauto é acusado de negociar com o partido quando ocupava a pasta dos Transportes. Ontem, advogados voltaram a insistir na tese de caixa dois

Marco Aurélio e Cezar Peluso: votos dos ministros começam a ser dados hoje | Valter Campanato/ABr
Marco Aurélio e Cezar Peluso: votos dos ministros começam a ser dados hoje (Foto: Valter Campanato/ABr)

A defesa do ex-ministro dos Transportes Anderson Adauto negou ontem no Supremo Tribunal Federal (STF), durante o julgamento do mensalão, que ele tenha apresentado o esquema ao PTB de Roberto Jefferson, delator do escândalo. A defesa de Adauto, atualmente prefeito de Uberaba (MG), afirmou ainda que ele recebeu recursos de Delúbio Soares, ex-tesoureiro do PT, para pagar dívidas de campanha.

Ontem, no penúltimo dia de apresentação das defesas, os advogados voltaram a insistir na tese de caixa dois para pagar dívidas de campanha. Além do advogado de Adauto, foram ouvidos os defensores dos ex-deputados federais Paulo Rocha, Professor Luizinho e João Magno e de uma assessora de Rocha. As defesas de outros três reús serão apresentadas hoje. Depois disso, o relator do processo, ministro Joaquim Barbosa, começará a ler o seu voto.

Segundo a denúncia do Ministério Público, Anderson Adauto recebeu R$ 950 mil do publicitário Marcos Valério, considerado o operador do mensalão, e apresentou o esquema ao PTB. "A relação do PT com o PTB era contínua e estável e não houve intervenção de Adauto para isso, ele não integrava a cúpula dos partidos", afirmou o advogado Roberto Gargia Pagliuso. "O boca enorme [Jefferson] não teria qualquer dificuldade em imputar a Adauto uma participação se o fato fosse verdadeiro." Pagliuso disse que seu cliente, que era filiado ao PL, recebeu dinheiro do PT para pagar seus débitos eleitorais de 2002.

O primeiro a falar ontem, o advogado João dos Santos Gomes Filho, defensor do ex-deputado petista Paulo Rocha, disse que seu cliente usou os recursos recebidos para pagar o caixa dois de campanhas eleitorais no Pará. Gomes Filho afirmou que a reunião no apartamento de Rocha em que foi fechado um acordo entre o PT e o PL para as eleições de 2002, o ex-deputado apenas "tomou uma cachacinha" com o ex-presidente Lula.

O advogado do ex-deputado petista Professor Luizinho sustentou que o ex-parlamentar não sabia que seu assessor tinha recebido R$ 20 mil do esquema. Segundo Pierpaolo Bottini, o assessor José Nilson dos Santos era íntimo de Delúbio Soares e negociou o dinheiro diretamente. "Criou-se um mito demoníaco de que ser político é ser desonesto", disse.

O advogado do ex-deputado João Magno (PT-MG), Sebastidão Ferreira Reis, também disse que o dinheiro atribuído ao seu cliente era caixa dois. Reis afirmou que o mensalão é uma "farsa midiática" construída em cima de uma série de boatos a partir da imprensa que faz "tramoias, vende matérias, se mete em conluios".

Lula

Os ministros do STF descartam incluir o ex-presidente Lula na ação penal do mensalão. O ministro Marco Aurélio Mello afirmou que não cabe ao tribunal acrescentar nomes. "O Judiciário não tem a iniciativa de abrir uma ação penal contra quem quer que seja", disse. "A Procuradoria-Geral da República tinha conhecimento do que estava nos autos".

Na sessão de segunda-feira, o advogado de Jefferson, Luiz Francisco Corrêa Barbosa, acusou Lula de ser o mandante do esquema do mensalão e pediu a conversão do julgamento em diligência para que o nome do ex-presidente fosse incluído para ser julgado. A discussão sobre a inclusão de Lula deve ser julgada logo no início dos votos dos ministros, a partir de hoje.

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