O fato de um governador não ter eleito seu candidato não significa derrota pessoal, avalia o analista político Alberto Carlos Almeida. "Isso não demonstra uma fraqueza. Ele pode eleger ou não eleger. Mas isso não corresponde à força eleitoral do governador ou do presidente", diz. No caso das eleições municipais, afirma ele, o eleitor decide seu voto com base em temas muito locais e próximos de seu cotidiano e geralmente desconsidera o que lideranças estaduais ou nacionais tenham a oferecer.
Em Curitiba, o candidato do PMDB, Carlos Moreira, recebeu apenas 19,1 mil votos válidos. O governador Roberto Requião, que quase não se engajou na campanha, mas afirmou que Moreira era o melhor candidato a prefeito, teve pouca influência na escolha do candidato. Para 44% dos curitibanos, a administração de Requião é ótima ou boa, segundo pesquisa Ibope do fim de agosto. O índice é bem maior que o total de votos dados a Moreira (2% dos votos válidos).
Em outras seis capitais, os candidatos que receberam apoio do governador também ficaram em terceiro lugar na disputa. Mas, em nenhum deles, a votação obtida ficou abaixo dos 9%. Em Porto Alegre, o candidato Marchezan Júnior, do PSDB da governadora Yeda Crusius, ficou em quarto, com 2% das intenções de voto.
Lula
"Muito mais do que o apoio direto do presidente Lula, o que influenciou a escolha do eleitor foi o ambiente econômico favorável. Se beneficiaram principalmente os candidatos à reeleição. Para o eleitor, a sensação é que a situação geral está boa. Então, se o prefeito não pisou no tomate bem feio, a melhor opção é continuar com ele", observa o professor de Ciência Política Davi Fleischer. Para ele, um grande teste de transferência de voto pode ocorrer em 2010, caso Lula queira bancar a candidatura de Dilma Rousseff, ministra-chefe da Casa Civil. "Mas a situação econômica, caso piore, como o mercado vem sinalizando, também pode influenciar bastante." (RF)
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