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O executivo Augusto Mendonça Neto
, da Toyo Setal, prestou depoimento na CPI da Petrobras | LUCIO BERNARDO JR/Agência Câmara
O executivo Augusto Mendonça Neto , da Toyo Setal, prestou depoimento na CPI da Petrobras| Foto: LUCIO BERNARDO JR/Agência Câmara

O executivo Augusto Mendonça Neto, da Toyo Setal, disse em depoimento à CPI da Petrobras na manhã desta quinta-feira, 23, que foi apresentado ao ex-diretor de Abastecimento, Paulo Roberto Costa, por meio do ex-deputado José Janene (PP). Ele apontou Costa, o ex-diretor de Serviços Renato Duque e o ex-gerente da área Pedro Barusco como responsáveis pelo esquema de corrupção na estatal. Duque, indicado pelo PT para o cargo, é alvo da investigação por suspeita de corrupção passiva, formação de organização criminosa e lavagem de dinheiro. Barusco era seu braço direito.

“São as pessoas que eu sei que estavam envolvidas e que faziam a relação com os empresários”, afirmou. Ele afirmou que Janene o apresentou a Costa “exigindo pagamento de comissão”. “O único contato com corrupção foi através destas pessoas. Antes disso, nunca soube de nada”, declarou.

Esquema começou em 1997 por ação de duas diretorias, diz delator à CPI

Em depoimento à CPI da Petrobras, o executivo da Toyo Setal Augusto Mendonça Neto revelou aos parlamentares que o esquema de corrupção da estatal começou no final da década de 90 - a partir de 1997 até os dias atuais - em uma ação conjunta entre as diretorias de Abastecimento e de Serviços. “Não podemos imaginar que uma companhia como esta, organizada e competente, pudesse ter um esquema como essas duas diretorias montaram’, afirmou.

O executivo, delator do esquema de corrupção na estatal, disse que sempre foi contrário ao modelo de corrupção implantado na Petrobras. “Acabamos entrando nisso por adesão. Era um sistema que existia”, explicou.

Janene, réu do mensalão e que morreu em 2010, foi responsável pela indicação de Costa para a diretoria de Abastecimento da estatal, em 2004.

Ao comentar o depoimento de Barusco à CPI, Mendonça concordou que a corrupção era generalizada, mas só dentro da Diretoria de Serviços. “Ele tem razão em um sentido, de fato, dentro da Diretoria de Serviços (a corrupção) era generalizada. Eles queriam aplicar em todos os contratos”, enfatizou. Ele negou que a corrupção fosse generalizada em toda a Petrobras.

Empresário também é vítima

O empresário também disse aos parlamentares da CPI da Petrobras, na tarde desta quinta-feira, 23, que o esquema de corrupção que se desenvolveu na estatal não é bom para a companhia nem para os empresários. “Como empresário posso garantir que esse sistema não é bom para a empresa, não é bom para o empresário. O empresário também é vítima. Quando tivermos a oportunidade de voltar a ser convidados pela Petrobras, de voltar ao mercado, meu maior objetivo era preservar empregos”, declarou o delator das investigações da Lava Jato, se dizendo preocupado com os trabalhadores que estão perdendo seus postos de trabalho.

O empreiteiro disse não acreditar que o Conselho de Administração da Petrobras soubesse do esquema, nem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sua sucessora, Dilma Rousseff, ou o ex-presidente da estatal José Sérgio Gabrielli. “Acredito que, se soubessem, teriam parado com essa questão lá atrás. Minha opinião: acredito que não sabiam”, disse.

Na avaliação de Mendonça, coisas positivas aconteceram na Petrobras nos últimos anos, entre elas a descoberta “heroica” do pré-sal. “A corrupção é um problema enorme, mas não podemos culpar os funcionários da Petrobras”, disse. Para ele, a corrupção privilegia a incompetência. Aos deputados, Mendonça disse também que, a partir de 2012, com a entrada da nova diretoria na estatal, as cobranças por propina acabaram.

Preços

Mesmo com os danos provocados pelo esquema, o empresário avaliou que a política de preços da companhia também foi prejudicial. “O maior prejuízo da Petrobras foi ficar com seus preços sem reajuste, vendendo gasolina mais barato do que comprava”, comentou.

Questionado sobre a cartelização, originada no final da década de 90, o empreiteiro contou que o empresário Ricardo Pessoa, da UTC, era o contato “natural” entre as empresas e a Petrobras. A preocupação do grupo, que começou com nove empresas e chegou a 16, era proteger-se e não competir entre si.

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