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O delegado da Polícia Federal Aldo Roberto Brandão, acusado de vazar informações sobre a Operação Xeque-Mate , compareceu na tarde de segunda-feira (11/06) para depor na PF em Campo Grande e alegou que o vazamento teria acontecido acidentalmente numa barbearia, onde cortava o cabelo dias antes da operação começar. O delegado deveria comparecer para depor na manhã desta segunda-feira, mas apresentou um atestado médico dizendo que não poderia falar nos próximos 30 dias por causa de uma "depressão". Depois, ele mudou de idéia e compareceu para o depoimento à tarde.

Aldo Brandão afirmou que cortava o cabelo num salão localizado em frente a um escritório de advocacia do qual saiu Elenilton Dutra de Andrade, um dos envolvidos na operação. Segundo Aldo, Elenilton teria lhe afirmado que escutara no rádio apreensões de caça-níqueis em Campo Grande, e ele teria confirmado.

- Eu respondi que tem que apreender mesmo e que a polícia iria dar duro em cima desse povo - explicou o delegado, negando que tenha ligações com a quadrilha.

Segundo as investigações da PF, em um dos trechos das gravações telefônicas, dois envolvidos citam o delegado Aldo Brandão. Na conversa, eles dizem que Brandão teria avisado sobre operações de apreensão de caça-níqueis.

Elenilton:Então, mas diz o Aldo que cê tá no lucro.Alexandre: Quem?

Elenilton:O Aldo.

Alexandre:O Aldo é um... "cê" tá falando do delegado?

Elenilton:É. Ele sabe das coisas, porque ele. Há uns 15 dias atrás. Ele falou pra mim: "tá com equipamento na rua, tira que vai ter operação".

Alexandre: É?

Elenilton:Foi. E a operação saiu.

Coronel e deputado

A PF também investiga o envolvimento do coronel e deputado estadual Ivan de Almeida (PSB-MS) com a máfia, segundo reportagem do Jornal Hoje. O coronel aparece numa das gravações feitas com autorização judicial reclamando do descumprimento de um acordo sobre propina . Almeida foi comandante da PM no governo Zeca do PT e só não foi indiciado pela operação porque tem foro privilegiado.

Ele afirmou que não estava tratando de máquinas caça-níqueis nas conversas. Disse que só vai se pronunciar, oficialmente, sobre as acusações quando for convocado a depor. A Justiça de Mato Grosso do Sul vai pedir que o Tribunal Regional Federal (TRF) investigue o parlamentar.

Nesta segunda-feira, também prestaram depoimentos um delegado da Polícia Civil e um coronel da PM de Mato Grosso do Sul. O delegado Marcelo Vargas negou as acusações, feitas pelos presos na operação, de que cobraria propina para não fiscalizar o jogo de azar e nem apreender caça-níqueis.

- Se houvesse apurado qualquer irregularidade praticada por mim, com certeza também teria sido decretada a minha prisão temporária, juntamente com os demais - afirmou Vargas.

Logo depois, o chefe do serviço de inteligência da PM, coronel Marcos David dos Santos, foi ouvido. O nome dele também foi citado por um dos detidos.

- Uma pessoa foi ouvida e citou o meu nome - disse Santos.

A quadrilha explorava os caça-níqueis em vários estados, como Mato Grosso do Sul, Paraná, São Paulo, Minas Gerais e Rondônia. O grupo seria comandado pelo ex-deputado estadual Nilton Cezar Servo.

A PF ainda fechou um acordo com o Ministério Público Federal de Campo Grande e adiou as acareações entre os presos que seriam feitas ainda nesta segunda. Pelo acordo firmado, as acareações serão feitas somente em juízo. Na tarde desta segunda vão depor novamente outros presos, mas a PF ainda não divulgou os nomes deles.

PF deve pedir prisão preventiva de 20 acusados

O delegado Alexandre Custódio, da PF de Campo Grande (MS), que coordena as investigações, deverá concluir na quarta-feira os dois inquéritos instaurados. Ele deve solicitar a prisão preventiva de pelo menos 20 dos 67 acusados que, na sexta-feira, tiveram a prisão temporária prorrogada por mais cinco dias.

Entre os presos cuja preventiva deve ser solicitada estão Nilton Servo e Dario Morelli Filho, compadre do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Os delegados que trabalham no caso passaram o fim de semana analisando o material apreendido e os depoimentos de investigados, e levantando provas que dêem sustentação aos pedidos de prisão. Os pedidos serão analisados em conjunto com o Ministério Público Federal, que designou três procuradores para as investigações. A intenção do MPF é oferecer denúncia contra os acusados já com as preventivas decretadas. Além das ligações gravadas com autorização judicial, os delegados anexarão outras provas aos pedidos.

Até domingo, a PF não havia recebido o pedido de proteção a Andrei Cunha, que foi beneficiado pela delação premiada e havia sido solto na noite de sexta-feira. Ele colaborou com a PF depois que foi preso na Operação Xeque-Mate, há uma semana. Cunha era gerente de uma casa de jogos de Servo e se tornou seu desafeto.

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