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no STF

Deltan: com novo ministro no STF, decisão sobre prisão em 2.ª instância pode mudar

Futuro ministro não será relator, nem participará da 2.ª Turma do STF, que julga os processos da Lava Jato, mas pode inverter placar sobre prisão em 2.ª instância

Deltan Dallagnol é o coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba | HEULER ANDREY/AFP
Deltan Dallagnol é o coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba (Foto: HEULER ANDREY/AFP)

O coordenador da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, procurador Deltan Dallagnol, afirmou que o novo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) pode virar o placar do julgamento que analisa se réus em processos criminais podem ser presos após a condenação em segunda instância. A declaração foi feita em uma postagem nas redes sociais.

Para Dallagnol, mesmo que a relatoria dos processos tenha sido redistribuída para o ministro Edson Fachin e o escolhido de Temer não faça parte da 2.ª Turma do STF, onde são julgados os casos da Lava Jato, o novo ministro ainda terá um “forte impacto” sobre a operação e em outras investigações sobre corrupção.

O novo integrate da Corte poderá ter outro entendimento sobre a possibilidade do cumprimento de pena a partir de condenação em segunda instância. No ano passado, o STF entendeu que a execução da pena é possível a partir da condenação por um Tribunal Superior, já em segunda instância, e não mais somente a partir da conclusão do processo em todas as instâncias. O placar da votação foi de 6 a 5.

“O ministro Teori estava dentre os vencedores. O novo ministro pode inverter o placar”, alertou Dallagnol. “O que está em questão é se o réu vai para a cadeia após ser julgado pela segunda instância ou pela quarta”, explicou.

“Se prevalecer a possibilidade da execução provisória, isso significa que réus de colarinho branco serão presos após cerca de 4 a 6 anos do início do processo, e não depois de década(s). Se o réu estiver preso, o processo pode ser mais rápido e demorar apenas cerca de 2 anos até ser julgado pela segunda instância”, disse o procurador da Lava Jato.

Colaboração premiada

Segundo Dallagnol, a possibilidade de cumprir prisão após condenação em segunda instância contribui para o fechamento de acordos de colaboração premiada – que têm sido o “motor propulsor” da Lava Jato, de acordo com o procurador.

Recentemente, 77 executivos da Odebrecht tiveram os acordos de colaboração homologados pela presidente do STF Carmen Lúcia. As negociações começaram depois que o ex-presidente da empreiteira, Marcelo Odebrecht, foi condenado pelo juiz federal Sergio Moro a 19 anos de prisão.

“Se a perspectiva é de impunidade, o réu não tem interesse na colaboração premiada. Por que vai entregar crimes, devolver valores e se submeter a uma pena se pode escapar da Justiça? Por outro lado, quanto mais efetivo o direito e o processo penal, mais interessante fica a alternativa de defesa por meio da colaboração premiada”, explica Dallagnol.

“Em resumo, a execução provisória é o que pode garantir um mínimo de efetividade da Justiça Penal contra corruptos, levando-os à prisão dentro de um prazo mais razoável, e é importante para que a Lava Jato continue a se expandir, chegando a todo o espectro da corrupção. Assim, a escolha do novo Ministro, a depender de sua posição nesse tema, continua a ter um imenso impacto na Lava Jato, ainda que ele não se torne relator da operação”, concluiu o procurador.

Indicação

O presidente Michel Temer (PMDB) deve anunciar até esta terça-feira (7) o nome escolhido para ocupar a cadeira deixada no STF pelo ministro Teori Zavascki, morto em um acidente de avião no mês passado. O mais provável membro da Corte é o atual ministro da Justiça Alexandre de Moraes.

Moraes já se declarou publicamente a favor da execução de pena a partir de condenação em segunda instância. O ministro da Justiça defendeu a possibilidade em um de seus livros – Direitos Humanos Fundamentais – ao tratar do assunto de presunção de inocência.

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